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Polícia

Beltrame: fuga de traficantes não afeta pacificação do Rio

6 fev 2011 - 10h28
(atualizado às 18h38)
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Luís Bulcão Pinheiro
Direto do Rio de Janeiro

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou na manhã deste domingo que o setor de inteligência da polícia tem informações de que os traficantes que dominavam as favelas ocupadas nesta manhã no complexo de São Carlos, na zona norte da capital fluminense, fugiram para outras regiões do Estado. Segundo Beltrame, entretanto, a migração de criminosos não afeta os objetivos de longo prazo da política de segurança pública do Rio.

"Tudo tem seu tempo. Nós não podemos querer recuperar 30 anos de abandono em quatro. Nós entendemos que lá na frente nós vamos ter uma boa melhora nos índices de criminalidade da cidade", afirmou Beltrame em entrevista coletiva. O secretário não informou o possível paradeiro dos traficantes por questão de segurança.

Segundo o secretário, não é possível, no momento, fazer novas incursões para prender os fugitivos. "A polícia segue o seu planejamento, não adianta seguir de maneira atabalhoada. Nós não temos o direito de errar. Cada trabalho tem que ser feito de uma vez e nós não vamos entrar em um lugar de maneira atabalhoada porque um cidadão 'x' está escondido lá", disse.

Beltrame admitiu também que a divulgação prévia da operação pode ter contrubuído para a fuga dos criminosos. "Prefiro que isso aconteça do que uma vida humana seja ferida. Isso não nos tira o dever de irmos atrás deles e prendê-los, como estamos fazendo. Mas com planejamento", afirmou.

De acordo com o secretário, a principal meta da operação é retomar a presença do Estado nas favelas antes dominadas por criminosos. Beltrame comemorou o fato de nenhum tiro ter sido disparado durante a operação, iniciada por volta das 4h. "Claro que a apreensão de drogas e armas é importante, mas, prioritariamente, o mais importante é a ocupação do território. Sem aumentar estatísticas de bala perdida, de autos de resistência (mortes em confronto com a polícia), de morte de civis", afirmou.

O secretário afirmou ainda que a ocupação do complexo de favelas de São Carlos já estava prevista e teve de ser adiada em função do destacamento de policiais militares e civis à região serrana do Estado, no atendimento às vítimas das chuvas de janeiro.

Antes de responder aos questionamentos dos jornalistas, Beltrame agradeceu o apoio da Polícia Federal e do Ministério da Defesa na operação, que contou com o uso de blindados da Marinha. "Esse trabalho não se encerra por aqui, hoje ou daqui a pouco. Nós temos que apresentar resultados à população", disse Beltrame.

O secretário de segurança ressaltou a união das forças e o aprendizado nas operações anteriores, como tomada do Complexo do Alemão e Complexo da Penha. "É uma luta do cidadão de bem contra o crime. Tenho certeza que daqui nós podemos levar essas ações para outros Estados e, quem sabe, diminuir índices de criminalidade que não é só desejo do carioca, mas de todos os brasileiros", disse.

As comunidades ocupadas fazem parte de área turística da cidade, no entorno do Sambódromo e, de acordo com a Secretaria de Segurança estadual, abriga 26 mil moradores.

No início da manhã, policias do Batalhão de Choque soltaram, simultaneamente, fogos que liberam uma fumaça azul nos morros do Escondidinho, Fallet e Fogueteiro, para sinalizar o sucesso da ação aos moradores.

Poucos moradores estavam nas ruas, mas alguns aproveitavam para fotografar a entrada da polícia da janela de suas casas. Pela manhã, a polícia vasculha as comunidades à procura de drogas e suspeitos de envolvimento com o tráfico.

Dois menores, que saíam do morro do Fallet, tinham mandado de apreensão contra eles e, por isso, foram apreendidos. Quem for detido na operação será encaminhado para o Sambódromo, onde haverá uma triagem.

Mega operação para novas UPPs

Ao todo, 846 homens participam da ocupação. Devido à extensão da área a ser ocupada, a Secretaria de Segurança procurou repetir o modelo de integração que foi bem sucedido na ocupação do Complexo do Alemão. Participam 380 homens da Polícia Militar, 189 da Polícia Civil, 103 da Polícia Federal e 24 da Polícia Rodoviária Federal. Para a proteção dos policiais, a Marinha do Brasil colocou à disposição 150 fuzileiros navais e 17 blindados, entre eles os chamados M113, e quatro anfíbios do modelo Clanf.

A operação vai ocupar nove comunidades: São Carlos, Zinco, Querosene, Mineira, Coroa, Fallet, Fogueteiro, Escondidinho e Prazeres, atendendo diretamente 26 mil moradores. Segundo a secretaria, levando-se em conta os 17 bairros do entorno, a população beneficiada soma 520 mil pessoas.

O Complexo do São Carlos vai receber três UPPs ao longo do primeiro semestre de 2011. São Carlos, Fallet/Fogueteiro e Prazeres/Escondidinho serão, respectivamente, a 15ª, a 16ª e a 17ª UPP do projeto de pacificação.

Com informações de O Dia.

rio_tanque_odia (repre)
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Foto: O Dia
Fonte: Especial para Terra
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