Para combater Comando Vermelho, polícia prende 17 no Rio
A Polícia Civil prendeu 17 pessoas na terça-feira, no Rio de Janeiro e em Niterói, durante uma operação para combater o tráfico de drogas em Madureira, na zona norte da capital. O objetivo dos agentes era capturar integrantes da facção criminosa Comando Vermelho, entre eles dois fugitivos do Complexo do Alemão, que desencadearam uma guerra contra rivais do morro da Serrinha.
No total, a Justiça expediu 52 mandados de prisão e 26 de busca e apreensão. Dos presos, seis haviam sido capturados ao longo da investigação. Em uma casa de luxo a 100 m da praia de Piratininga, na região oceânica de Niterói, foi preso Heitor Sinval Vasconcelos de Lima, 57 anos, apontado pela polícia como fornecedor de armas para a facção.
"Nosso serviço de inteligência detectou que ele negociava armas. Ainda não sabemos a procedência delas, mas encontramos na casa fotos de fuzil e pistolas, que ele não explicou o que estavam fazendo lá", afirmou o delegado André Pieroni.
A Polícia Civil afirmou que a ligação de Heitor Silval com o tráfico vai além dos 'negócios'. Ele seria padrinho de uma filha de Polegar, um dos líderes do Comando Vermelho. À polícia, no entanto, o suspeito disse que batizou e tem convívio com a menina, mas que não tinha conhecimento das atividades do traficante.
O imóvel onde Heitor foi pego está avaliado em R$ 400 mil; na garagem foi encontrado um automóvel Peugeot conversível. Segundo a polícia, tanto a residência quanto o carro estão em nome de Heitor, que disse ser corretor de imóveis. Na casa, a polícia também encontrou cartas de presos endereçadas a ele, além de extratos com depósitos de R$ 38 mil. "Pediremos a quebra do sigilo bancário para saber a origem do dinheiro", afirmou o delegado.
Operação
A operação Golpe de Mestre começou na Serrinha e contou com 200 agentes de 15 delegacias, além do apoio do veículo blindado da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). A cracolândia da avenida Edgar Romero também foi alvo da ação. Não houve tiroteio.
As investigações começaram há um ano, quando a equipe da 21ª DP (Bonsucesso) estava na delegacia de Madureira, a 29ª DP. Os agentes começaram levantamento a partir do primeiro ataque de bandidos do Comando Vermelho para tentar tomar a Serrinha, em janeiro de 2010.
O desdobramento se deu na investigação de criminosos de morros da região, como Cajueiro, Congonha e Faz Quem Quer, além dos complexos do Alemão e da Penha, e a favela do Jacarezinho. O Cajueiro era considerado estratégico para os policiais, pois lá o grupo se reunia quando saía do Alemão para atacar a Serrinha. Ainda segundo a polícia, os roubos em Madureira também diminuíram nos meses de apuração: houve de queda de 12,15% dos roubos de rua e de 30% nos roubos de veículos.
A polícia encontrou o corpo de um jovem ainda não identificado, morto com um tiro no pescoço, na Serrinha. Foram apreendidos um fuzil calibre 7.62, uma metralhadora 45, munição de vários calibres, drogas, dois carros e uma moto roubados.
Ordens partiam do Alemão e da Penha
Entre os principais investigados pela Polícia Civil, estão Luiz Cláudio Serrat Correia, o Claudinho CL, e Claudenir da Silva Paixão, o Negão da 12, líderes das quadrilhas que dominavam os morros do Cajueiro e Congonha, respectivamente, em Madureira.
"Eles comandavam o tráfico nessas regiões à distância, de dentro da vila Cruzeiro, no complexo da Penha. Depois que a Penha e o Alemão foram ocupados pela polícia, eles fugiram de lá, mas continuavam a exercer seu poder nas favelas de Madureira", disse o delegado André Pieroni.
Os dois suspeitos estão entre os foragidos da operação. A mulher de Negão da 12 foi presa por associação para o tráfico, assim como Lúcio Mauro Carneiro, o Biscoito, braço-direito de Claudinho e responsável pela logística do tráfico no Cajueiro.
