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Polícia

RJ: operação contra pirataria não tem data para terminar

27 jan 2011 - 02h05
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A Polícia Civil do Rio deu início na quarta-feira à maior operação de combate à pirataria do País. Agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes contra Propriedade Imaterial (DRCPIM) ocuparam o Camelódromo da Uruguaiana, no centro, sem data para sair.

A intenção é acabar não só com o comércio de produtos ilegais, mas também com o esquema de aluguel e até de venda dos 1.508 boxes, o que é proibido. O negócio, montado por um grupo já identificado, foi descoberto em sete meses de investigação. Os donos dos quiosques podem ter a licença cassada.

No Camelódromo, será montada uma base da DRCPIM que vai fiscalizar o comércio no local, irregular há 16 anos. A operação, com 120 policias, contou com o apoio da Receita Federal e do Grupo de Proteção à Marca. A expectativa é recolher, até sábado, 150 toneladas de mercadorias, que contabilizariam cerca de R$ 20 milhões.

Às 6h, os agentes isolaram o local. Segundo a polícia, 90% dos quiosques não abriram, embora os comerciantes não tenham sido proibidos de trabalhar. Para abri-los, foram necessários chaveiros. Em algumas lojas, principalmente de tênis, foram encontrados fundos falsos. "Quem não deve, não teme. Tenho nota dos produtos e como os vendedores de piratas não estão trabalhando hoje, vou até vender mais", disse um comerciante legalizado, que pediu anonimato.

Para evitar que as mercadorias fossem danificadas na fiscalização, comerciantes acompanharam as ações. Marcos Alves, mesmo com cerca de 60% dos produtos de sua loja piratas, resolveu abrir as portas. "Prefiro que levem a mercadoria sem arrebentar as portas. Depois vou acabar tendo mais prejuízo".

Segundo a delegada da DRCPIM, Valéria Aragão, a pirataria movimenta mais que o tráfico de drogas. Por ano, são cerca de R$ 600 bilhões. Só no Brasil, são gastos R$ 30 milhões apenas em roupas e sapatos piratas. "No Brasil a pirataria é pulverizada. Os produtos vêm da China e Paraguai. Há poucos laboratórios aqui. DVDs e CDs são os preferidos por serem mais fáceis de fabricar", explicou ela.

"Os grupos disputam territórios à base de homicídios e extorsões", disse o chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski. "A gente espera zerar a venda pirata da Uruguaiana. A ocupação do Camelódromo é um projeto dentro do compromisso que o Rio assumiu de combate à pirataria nos grandes eventos", explicou ele, referindo-se à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016.

Grupos que controlam o comércio são identificados

Ninguém foi preso na operação. "Os grupos que controlam o comércio no Camelódromo não ficam ali, mas já foram identificados, serão chamadas a depor e vão responder criminalmente. Nosso objetivo é apreender as mercadorias e, assim, retirar a força financeira da pirataria. O que vai acabar com a ela é a nossa permanência no local. A mercadoria não vai mais entrar", explicou Valéria.

De acordo com as investigações, há pessoas que são donas de até 10 quiosques, mas a legislação permite que uma pessoa seja dona de apenas um. Esses boxes são alugados por R$ 2 mil por semana e vendidos por R$ 300 mil.

Segundo a Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop), o terreno onde funciona o camelódromo é particular, pertence à Rio Trilhos e foi invadido. "Aquilo nunca foi legalizado. É uma herança maldita", disse o secretário Alex Cunha. O secretário estadual de Transportes, Julio Lopes, informou que negocia com a prefeitura a legalização.

Campanha orienta sociedade

Para a delegada Valéria Aragão, a pirataria é o crime do século 21. "As penas são brandas, há tolerância da população e baixo custo com grande lucro. Por isso, muitos estão migrando para esse tipo de crime", explicou ela, que iniciou ontem também, durante a operação, uma campanha educativa sobre a pirataria.

Foram distribuídos folhetos com o telefone do Disque-Denúncia (2253-1177), e peritos vão dar aulas mostrando a diferença entre os produtos falsos e os originais. "A população não pode compactuar com esse crime. A pirataria não tem o lado lúdico como muitos pensam. Acabou, basta! Ilegal nunca mais", avisou Valéria, informando que a pirataria deixa de gerar dois milhões de empregos.

Policiais civis na Uruguaiana: expectiva de recolhimento de R$ 20 milhões em mercadorias falsas ou contrabandeadas
Policiais civis na Uruguaiana: expectiva de recolhimento de R$ 20 milhões em mercadorias falsas ou contrabandeadas
Foto: Eduardo Naddar / O Dia
Fonte: O Dia
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