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Política

'Se eu morrer agora, tá bom demais', diz Alencar após homenagem

25 jan 2011 - 15h06
(atualizado às 16h37)
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Simone Sartori
Direto de São Paulo

Internado desde o dia 22 de dezembro devido a uma hemorragia digestiva grave, o ex-vice-presidente da República José Alencar deixou o hospital Sírio-Libanês, nesta quarta-feira, em São Paulo, para receber das mãos da presidente Dilma Rousseff (PT) a Medalha 25 de Janeiro, uma homenagem concedida pela prefeitura da capital paulista. Bastante abatido, vestido com terno e gravata, Alencar chegou ao local em uma cadeira de rodas, pediu desculpas aos convidados por fazer um "discurso sentado" e afirmou que "se morrer agora, tá bom demais".

"Primeiramente, devo me desculpar por falar sentado. Sempre falei em nossas campanhas que discurso tinha que ser feito de pé. Estou bem melhor, mas ainda não estou bem. O período longo que fiquei inativo me trouxe essa dificuldade de locomoção. Estou fazendo fisioterapia, estou melhorando", afirmou, agradecendo a presença de dois médicos que o acompanharam à sede da prefeitura de São Paulo, onde ocorreu a homenagem.

Visivelmente emocionado, Alencar afirmou que fazia um discurso "de coração" e que está "vencendo as dificuldades". "Eu tinha um texto preparado no bolso, mas resolvi falar do coração. Ainda que (as dificuldades) sejam fortes, estamos vencendo. Quem fica num hospital esse tempo (90 dias, segundo seus cálculos), tem muitas reflexões... Se eu morrer agora, é um privilégio, porque é tanta gente torcendo por mim... Se eu morrer agora, tá bom demais", disse.

O ex-vice chegou a arrancar risos de Dilma, Lula e da plateia ao lembrar que discursos não devem ser longos. "O Lula sempre dizia que discurso tem que ser igual vestido de mulher. Nem tão curto que escandalize, nem tão longo que entristeça", brincou. O seu agradecimento formal à prefeitura de São Paulo durou 10 minutos.

Antes de seu discurso, Alencar foi exaltado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM), pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pela presidente Dilma Rousseff. O ex-vice, que conseguiu unir no mesmo palco adversários políticos, foi aplaudido de pé.

Luta contra o câncer
José Alencar luta contra o câncer desde 1997, quando, após um check-up, foi encontrado um tumor no rim direito e outro no estômago, retirados naquele mesmo ano. Em 2000, uma nova cirurgia retirou um tumor na próstata. Depois da remoção de outros nódulos no abdome, Alencar foi diagnosticado com câncer no intestino.

Ao todo, ele foi submetido a 17 cirurgias nos últimos 13 anos. Em janeiro de 2009, ele enfrentou cerca de 17 horas de operação para a retirada de nove tumores na região abdominal. Na mesma cirurgia, os médicos retiraram parte do intestino delgado, outra do intestino grosso e uma porção do ureter, canal que liga o rim à bexiga. Alencar chegou a ficar internado 22 dias após a operação.

A última cirurgia ocorreu no dia 22 de dezembro, quando ele foi internado no Sírio-Libanês, em São Paulo, em caráter de urgência, com quadro de hemorragia digestiva grave. Recuperado, o agora ex-vice-presidente foi submetido a um procedimento para conter um sangramento intestinal causado por um tumor que invade o intestino delgado. No dia 30 de dezembro, após oito dias, Alencar foi transferido da UTI Cardiológica para um quarto comum.

Por conselho da equipe médica, José Alencar não viajou a Brasília para participar da cerimônia de posse da nova presidente da República, Dilma Rousseff, e descer a rampa do Palácio do Planalto ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi vice-presidente em seus oito anos de governo.

No dia 4 de janeiro, quando retomou o tratamento de quimioterapia contra o câncer, após cerca de dois meses, o ex-vice-presidente voltou para a UTI Cardiológica do Hospital Sírio-Libanês devido a um novo sangramento intestinal. Ele ficou na unidade até 9 de janeiro.

José Alencar recebe homenagem ao lado de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva
José Alencar recebe homenagem ao lado de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR / Divulgação
Fonte: Redação Terra
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