Preso na invasão do Alemão, traficante Zeu é denunciado

O traficante Eliseu Felicio de Souza, o Zeu, preso em 28 de novembro durante a ocupação de forças de segurança no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, foi denunciado por associação para fim de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, de acordo com informações divulgadas nesta quarta-feira pelo Ministério Público. Zeu também teve a prisão preventiva requerida.

De acordo com o MP, Zeu foi filmado ostentando um fuzil e uma pistola na Vila Cruzeiro. Além disso, ele aparece nas imagens com uma mochila que parecia conter drogas, que foram distribuídas entre os integrantes de sua quadrilha nos pontos de venda da comunidade. O autor da denúncia, o promotor Sauvei Lai, titular da 30ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal da 1ª Central de Inquéritos, lembrou que o tráfico de drogas é crime equiparável ao hediondo.

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"Traficar ilegalmente drogas é a faceta mais visível e cruel da criminalidade no nosso País, sendo delito indutor para a prática de diversas outras espécies de infração penal, como o contrabando de armas de fogo, roubos de automóveis e a banco, sequestros, homicídios de cidadãos inocentes, de policiais, bem como de autoridades públicas e até atentados contra a ordem pública", afirmou o promotor.

Sauvei Lai também ressaltou que Zeu utilizou o benefício de progressão de regime para fugir da prisão e voltar às atividades criminosas e disse esperar do Poder Judiciário "rigor e severidade para coibir o tráfico".

Recaptura
Tido como o responsável por queimar o corpo do jornalista Tim Lopes, morto em junho de 2002, - crime pelo qual foi condenado a 23 anos de prisão -, o traficante se entregou à polícia durante a invasão do conjunto de favelas do Alemão, após passar três anos foragido. Segundo a PM, ele estava embaixo da cama, protegido por familiares. Zeu fazia parte da lista dos criminosos mais procurados pela polícia do Rio, com recompensa de R$ 10 mil para informações que levassem à sua recaptura.

O traficante também é suspeito de ter participado da invasão do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro, e da ação que derrubou um helicóptero da Polícia Militar, em outubro do de 2009, segundo inquérito da Polícia Civil.

No início de dezembro, Zeu e mais cinco presos acusados de envolvimento em atentados ocorridos no Rio de Janeiro foram transferidos do conjunto penitenciário de Bangu para o presídio federal de segurança máxima de Catanduvas (PR). Os demais transferidos são: Emerson Siqueira Rosa, o Neguinho ou Tomate; Marcus Vinícius da Silva, o Lambari; Emerson Ventapane da Silva, o Mão; Tássio Fernando Faustino, o Branquinho, e Ricardo Severo, o Faustão.

Violência no Rio

O Complexo do Alemão está ocupado pelas forças de segurança desde o dia 28 de novembro de 2010. A tomada do local aconteceu praticamente sem resistência numa ação conjunta da Polícia Militar, Civil, Federal e Forças Armadas. A polícia investiga uma possível fuga de traficantes pela tubulação de esgoto do Alemão antes dos policiais subirem o morro. Em 25 de novembro, a polícia assumiu o comando da Vila Cruzeiro, na Penha. Ambos dominados, até então, pela facção criminosa Comando Vermelho. As ações foram uma resposta do Estado a uma série de ataques, que começou na tarde do dia 21 de novembro. Em uma semana, pelo menos 39 pessoas morreram e mais de 180 veículos foram incendiados por criminosos nas ruas do Rio de Janeiro.