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Limoeiro salva vida de família em enchente de Teresópolis

15 jan 2011 - 21h45
(atualizado às 22h24)
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Agarrada aos galhos de um pequeno limoeiro, a família da professora de dança Giliane da Silva Pacheco, 28 anos, se manteve unida e escapou da morte. Ela, o marido, Márcio da Silva Pereira, 28 anos, e a filha do casal, Giovanna, 8 anos, foram arrastados por metros pela enxurrada que devastou a região central do distrito de Vieira, a 60 km do centro de Teresópolis.

Ao retornarem ao local onde viviam, nesta sexta-feira, encontraram a casa destruída. O limoeiro que os salvou permanecia de pé. "Sei que foi a mão de Deus que nos segurou", disse Giliane.

O drama, porém, não foi fácil de ser superado. Assim que a água invadiu a casa da família, Giliane pulou o muro para tentar chegar ao telhado com a filha no colo, mas acabou derrubada por uma tromba d'água. "Acabamos arrastadas pela força da correnteza. Agarrei a Giovanna ao máximo, mas uma geladeira bateu em mim e a perdi na enchente. A partir desse momento, parei de lutar. Não queria viver sem ela", diz.

Giliane recorda que ao ser arrastada acabou parando debaixo de um carro e chegou a beber água suja e gasolina. Num determinado momento, voltou a ouvir os gritos de socorro da filha. "Mãe, estou aqui", dizia a menina, que estava presa a uma árvore. "Consegui reconhecê-la pela luz do celular. Ela tentou iluminar a região para que eu me salvasse", afirmou.

Ao reencontrar a filha, a preocupação passou a ser o paradeiro do marido. Márcio tinha sido levado pela água. Depois de muito esforço, conseguiu tirar as roupas e a bota e nadou por 100 m contra a corrente ao encontro da família. Os três permaneceram agarrados ao limoeiro até que a água baixasse.

A menina nada sofreu. Giliane quebrou o pé e Márcio teve alguns arranhões. Ao reencontrarem o pequeno limoeiro, fizeram planos. "Vamos reconstruir tudo o que perdemos e viver. Daqui para a frente, ainda mais unidos e com muito amor", disse o pai.

Caminhoneiro segura cama para salvar avó
Da casa do caminhoneiro William Rosa de Oliveira, 19 anos, em Imbuí, Teresópolis, só sobrou a estrutura. A água invadiu o imóvel e chegou a meio metro do teto, destruindo o que havia pela frente. Para salvar a avó, que sofreu um derrame e não se movimenta, ele e a mãe passaram quase duas horas erguendo a cama para a idosa não morrer afogada.

"A gente não sabe nadar e estava com água pelo pescoço. Mantivemos a cama boiando até a água baixar um pouco. Aí, quebramos a janela e escapamos", relembrou. Ontem, ele a família passaram o dia todo tentando salvar os pertences. "Perdemos a casa e o trabalho, já que o caminhão que dirijo e a mercearia do meu avô foram completamente destruídos. Mas pelo menos nossas vidas estão intactas", disse ele.

Para Hélio Rodrigues, morador do mesmo bairro, a marca mais impactante da tragédia foi o horror vindo dos gritos de um morro vizinho, que desabou com a força das águas. "As pessoas gritavam por socorro, desesperadas. Foi uma coisa horrível. Eu mesmo fiquei muito mal porque achei que tivesse perdido um amigo. Ele conseguiu salvar duas meninas, mas ficou soterrado durante oito horas, até ser salvo pelos bombeiros. É uma tragédia que jamais vai sair da lembrança de Teresópolis", afirmou Hélio.

Chuvas na região serrana

As fortes chuvas que atingiram os municípios da região serrana do Rio nos dias 11 e 12 de janeiro provocaram enchentes e inúmeros deslizamentos de terra. As cidades mais atingidas são Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu cerca de 300 mm em 24 horas na região.

Veja a Praça do Suspiro, em Nova Friburgo, antes e depois da chuva

Veja onde foram registradas as mortes

Família se segurou em árvore para não ser levada pela água
Família se segurou em árvore para não ser levada pela água
Foto: Alexandre Brum / O Dia
Fonte: O Dia
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