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Jornais estrangeiros criticam infraestrutura do País em tragédia

15 jan 2011 - 11h46
(atualizado às 12h35)
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Os jornais estrangeiros criticaram a falta de estrutura do Brasil diante do desastre na região serrana do Rio de Janeiro, onde o número de mortos passou de 550 neste sábado. Além de destacar o número de corpos, as publicações repercutiram neste sábado a dificuldade das equipes de socorro em chegar às cidades atingidas, a agonia dos sobreviventes por falta de ajuda e os desafios das autoridades brasileiras em recompor cidades e se prevenir de outros desastres naturais.

O norte-americano The Washington Post destacou a revolta dos sobreviventes por "falta de ajuda". O jornal disse que após o desastre na noite de quarta-feira, "muitas pessoas estavam implorando por ajuda" e destaca o socorro dos voluntários.

O jornal ressaltou a promessa dos militares em enviar 11 helicópteros e 500 pessoas para ajudar os 800 bombeiros que "estão lutando para chegar nas áreas atingidas". O jornal destacou a luta dos sobreviventes e contou a história de Fernando Perfista, que desenterrou o corpo do próprio filho, guardou no refrigerador e sepultou-o em um caixão feito em casa.

O canadense The Vancouver Sun criticou o País dizendo que os danos do desastre "expõem grandes falhas no planejamento de emergência e prevenção de desastres em um País que aspira atingir status de nação desenvolvida". O jornal destacou os desafios da presidente Dilma Rousseff para melhor a infraestrutura antes de receber a Copa do Mundo de 2014 e os jogos olímpicos em 2016.

O jornal repercutiu a visita de Dilma às áreas devastadas e a "indignação pública, direcionada a autoridades estaduais e municipais que foram responsáveis por permitir que grande parte da construção precária em áreas de risco, o que contribuiu para o crescente número de mortes".

O jornal ainda disse que há o "temor que centenas de corpos ainda possam estar soterrados na favela de Campo Grande em Teresópolis, onde acredita-se que mais de 100 casas foram destruídas". A matéria ainda informa que "metade dos mortos podem ser crianças, de acordo com a instituição de caridade Save the Children".

O britânico The Guardian disse que os deslizamentos de terra transformaram Teresópolis em um imenso cemitério e deu destaque ao cemitério Carlinda Berlim, antes "um lugar tranqüilo" que se tornou "uma vala de zona de guerra". O jornal diz que os enterros correm durante a madrugada, e nas covas de 60 cm improvisadas com cruzes de madeira.

Tragédia anunciada
O espanhol El País chamou o desastre de "tragédia anunciada", e tomou como base declarações de professores e especialistas brasileiros. O jornal ainda disse uma das razões do desastre são "a falta de área de habitação e as favelas construídas em lugares de risco evidente, com a cumplicidade de políticos locais e estaduais". O jornal disse que Dilma prometeu "prevenção e reconstrução das cidades devastadas". O jornal ainda deu destaque à prioridade das equipes de resgate para lugares "onde é possível encontrar pessoas vivas" e a dificuldade em restabelecer serviços como os de energia elétrica, abastecimento de água e telefone.

Chuvas na região serrana
As fortes chuvas que atingiram os municípios da região serrana do Rio nos dias 11 e 12 de janeiro provocaram enchentes e inúmeros deslizamentos de terra. As cidades mais atingidas são Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu cerca de 300 mm em 24 horas na região.

Mulher é socorrida por moradores voluntários em Teresópolis, uma das cidades mais afetadas
Mulher é socorrida por moradores voluntários em Teresópolis, uma das cidades mais afetadas
Foto: Felipe Dana / AP
Fonte: Redação Terra
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