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Chuva e seca deixam 110 cidades do Sul e Sudeste em emergência

14 jan 2011 - 20h02
(atualizado às 21h33)
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Daniel Favero

SP: motorista grava enchente de dentro do carro na zona sul:

Enquanto as chuvas provocam centenas de mortes no Sudeste, o Sul sofre com a estiagem que deixou 12 cidades gaúchas em situação de emergência. No Sudeste, 98 cidades decretaram situação de emergência pelas chuvas que deixaram 45 mortos (cinco no Espírito Santo, 16 em Minas Gerais e 23 em São Paulo), sem contabilizar os mais de 500 óbitos nas enchentes na região serrana do Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, a estiagem ocasiona o racionamento de água, perda de lavouras e morte de animais, que já somam R$ 140 milhões em prejuízos. A Defesa Civil prevê uma das piores estiagens desde 2000. Já o Paraná sofre com os dois problemas antagônicos: a região oeste enfrenta a seca e as demais regiões tiveram estragos ocasionados pelas chuvas.

No Sul, os fenômenos extremos de seca e chuva em diferentes regiões são provocados pelo La Niña, formado a partir do resfriamento das águas do Oceano Pacífico. Segundo meteorologistas do Climatempo, estudos mostram que o La Niña deve persistir até o meio do ano que vem, com pico da influência durante o verão. O diretor do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade de Pelotas, Gilberto Barbosa Diniz, levanta a hipótese, ainda não comprovada, de que o La Niña tenha sido intensificado pelo resfriamento do Oceano Pacífico ocasionado pela Oscilação Decadal do Pacífico (ODP), que inicia seu período de temperaturas negativas em 2011.

No Sudeste, segundo a meteorologista da Climatempo Bianca Lobo, as fortes chuvas que atingiram a Região Serrana do Rio de Janeiro, não tiveram influência do La Niña. Foram provocadas pela passagem de uma frente fria que aumentou a força e a intensidade da instabilidade que já atingia a região. Além disso, a formação geográfica da região serrana impediu a saída dessa frente fria piorando ainda mais a situação. "Com isso as nuvens ficam muito presas e acabou chovendo forte por muito tempo".

Bianca diz que a chuva em Nova Friburgo, uma das cidades mais atingidas, acumulou 390 mm em janeiro, quando a média para o mês seria de aproximadamente 250 mm. Para se ter uma ideia, segundo ela, em Angra dos Reis, onde deslizamentos deixaram dezenas de mortos em 2010 a chuva acumulada no dia da catástrofe foi de 130 mm, enquanto que, em Nova Friburgo, choveu 180 mm, em 24 horas. No dia anterior, já havia chovido outros 100 mm.

A meteorologista descarta qualquer fator específico para a passagem da frente fria pelo Rio de Janeiro "As frentes frias passam o ano inteiro. O que ocorre, é que elas acontecem com menos frequência no verão já que as correntes de ar frio que as acompanham não são tão fortes. Não é um fenômeno causando frente fria no verão, é algo que acontece no ano inteiro", diz.

Ela prevê ainda mais chuvas no Sudeste. "A frente fria está praticamente parada, próxima à costa do Rio de Janeiro, o que formou a zona de convergência do Atlântico sul que mantém as nuvens bastante carregadas sobre a região Sudeste do País", diz a meteorologista, citando também o sul de Minas Gerais como um dos pontos afetados pelos temporais. Segundo ela, a frente fria deve perder força no final de semana, mas as chuvas serão frequentes ao longo da próxima semana na região serrana do Rio de Janeiro.

Chuvas na região serrana

As fortes chuvas que atingiram os municípios da região serrana do Rio nos dias 11 e 12 de janeiro provocaram enchentes e inúmeros deslizamentos de terra. As cidades mais atingidas são Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu cerca de 300 mm em 24 horas na região.

Veja onde foram registradas as mortes

Fonte: Redação Terra
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