Em discurso, Miriam Belchior chora ao lembrar Celso Daniel

Luciana Cobucci

Direto de Brasília

Em discurso durante cerimônia de transmissão de cargo nesta segunda-feira, em Brasília, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, chorou ao lembrar do ex-marido e ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), morto em 2002. Belchior lembrou o colega de partido e, chorando, lamentou que Celso Daniel não tenha participado do governo do ex-presidente Lula. "Seu legado administrativo e intelectual impregnou cada passo que dei no governo e continuará me influenciando. O cargo que ocuparei a partir de hoje talvez tivesse sido ocupado por ele no governo Lula. Obrigada, Celso Daniel", disse.

A morte do prefeito é alvo de polêmica, já que o inquérito policial concluiu que se tratava de seqüestro seguido de assassinato. Mas, para a família da vítima, a morte de Celso Daniel está ligada às denúncias de cobrança de propina de empresários do setor de transportes de Santo André. A vítima teria tentado impedir o esquema.

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O discurso da ministra do Planejamento foi marcado pela emoção e pela dificuldade de Miriam em segurar as lágrimas. Ela chorou logo no início do pronunciamento, ao agradecer e elogiar seu antecessor, Paulo Bernardo, ao agradecer a presidente Dilma Rousseff pela indicação ao cargo, à família e aos amigos.

Miriam Belchior também enfatizou o fato de que mulheres estão ocupando cargos de destaque no governo Dilma. "Tenho uma missão a cumprir, junto com a presidente Dilma Rousseff e todas as outras ministras: demonstrar que as mulheres podem dividir com os homens a condução do nosso País". Após o discurso, ela recebeu flores de amigos de trabalho, cumprimentou os presentes e deu uma entrevista coletiva para a imprensa.

Gastos públicos não podem ser satanizados

Durante o prununciamento, Belchior falou sobre a necessidade de gerir com eficiência os gastos públicos. "Os gastos de custeio não podem ser simplesmente satanizados. Não abriremos mão de prestar serviçoz públicos à população. Tenho a convicção, no entanto, que isso pode ser feito com mais eficiência. É possível fazer mais com menos", afirmou.

Especialmente à imprensa, Miriam Belchior disse que vai trabalhar em conjunto com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o novo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. "A meta do Ministério do Planejamento será manter a estabilidade econômica e trabalhar em parceria com o Ministério da Fazenda na busca da consolidação fiscal", disse.

Por determinação da presidente Dilma Rousseff, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida serão transferidos para o Ministério do Planejamento. Antes de assumir a pasta, Miriam Belchior foi gestora dos dois programas na Casa Civil. "Nosso desafio aqui será aperfeiçoar ainda mais o monitoramento dessas ações e garantir condições para sua execução", afirmou.