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Política

Na troca do poder, silêncio para Lula e esperança em Dilma

2 jan 2011 - 04h22
(atualizado às 06h49)
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Vagner Magalhães
Direto de Brasília

Depois de duas semanas falando literalmente o que lhe dava na telha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se retira dos holofotes por tempo indeterminado, ainda que acene com um retorno breve à vida política. Ao chegar em São Bernardo do Campo, na noite de ontem, disse que precisava apenas de 20 dias de férias para descansar e definir qual seria a sua participação daqui para a frente.

Lula passa a faixa de presidente para Dilma Rousseff:

Os últimos dias de mandato foram intensos para ele. Lula provocou adversários políticos, demonstrou uma sensibilidade à flor da pele e fez questão de deixar Brasília literalmente nos braços do povo, ao quebrar o protocolo da retirada do poder e ir cumprimentar a população que o aguardava. Ali, os responsáveis por ele ser o presidente que deixa o cargo com a maior taxa de aprovação também não esconderam a emoção, com abraços, beijos e algum choro.

Logo após Lula entrar no carro que o levaria à Base Aérea de Brasília, com destino a São Paulo, a praça dos Três poderes, que reuniu cerca de 30 mil pessoas para ver a transmissão do cargo para Dilma Rousseff, de acordo com a Polícia Militar, deu sinais de abatimento, seguido por um incômodo silêncio. Passados alguns minutos, a conversa já era sobre a esperança de que a nova presidente corresponda com bons resultados nos próximos quatro anos.

A sensação de "acabou" foi tema de várias rodas de conversas. Rusevel Oliveira, 44 anos, vereador de Altamira no Pará, resumiu o sentimento geral. "A grande paixão do petista é o Lula, mas estamos torcendo pela Dilma", disse.

A presença das mulheres para o evento foi significativa, senão maioritária. Dilma foi muito aplaudida ao desfilar em carro aberto e teve o seu nome cantado em vários momentos. Nos diálogos informais, é quase unanimidade que será um outro estilo de governar. A aposta é que a ausência de carisma pessoal possa ser compensada com dedicação aos projetos mais importantes de governo e que ela gerencie a equipe estimulando a busca dos resultados propostos.

No discurso que fez no Congresso Nacional, Dilma deu dicas daqueles que serão os seus objetivos a serem alcançados: a eliminação da pobreza extrema, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, o combate à inflação e a aplicação de recursos em investimentos, em detrimento do custeio. O tema da segurança pública e do combate às drogas também estiveram presentes, assim como na campanha.

Nos últimos tempos, Lula brincou com a condição de ex-presidente que se avizinhava, ao dizer que ninguém liga para o que um ex-presidente fala, ou faz. Talvez o primeiro exemplo seja a própria decisão de ele quebrar o protocolo para se aproximar do público na saída de Brasília.

As palavras vieram de um dos policiais que cuidava da segurança do presidente na tarde de ontem. Depois de um palavrão, ele questionou para que o presidente precisava se expor a sua segurança em risco ao se aproximar da população. O outro, que estava ao seu lado emendou. "Também não precisa exagerar. Só porque ele não é mais o seu chefe?"

Fonte: Terra
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