Polícia indiciará mais 2 presos por morte de prefeito em SP
O delegado Zacarias Katzer Tadros, do Setor de Homicídios de Carapicuíba, na Grande São Paulo, informou nesta terça-feira que vai indiciar na quarta-feira os dois primeiros presos por suspeita de envolvimento na morte do prefeito de Jandira, Braz Paschoalin (PSDB), no dia 11. Na semana passada, foi preso o sétimo suspeito do crime, Lauro de Souza, apontado como um estelionatário. Ele foi o primeiro indiciado, por homicídio triplamente qualificado.
De acordo com o delegado, Lázaro Faustino e Adílson de Souza são acusados de participação material na execução do prefeito. Eles também responderão por homicídio qualificado, com os seguintes agravantes: motivo torpe, mediante promessa de recompensa e uso de meio cruel que não permitiu a defesa da vítima. Tadros disse ainda que, com o avanço da investigação, mais "uma ou duas pessoas" suspeitas de arquitetar o crime devem ser presas. O delegado não informou a identidade dos investigados.
Além do trio, estão presos temporariamente dois homens localizados no dia do crime, após o carro que teria sido usado na execução ter sido encontrado, o secretário de Habitação de Jandira, Wanderley Lemes de Aquino, e um empresário. Os dois últimos seriam os mandantes do assassinato.
"O objetivo é descobrir e deixar presos os autores, quem mandou e quem concorreu para que o crime acontecesse", disse o delegado. Conforme ele, cerca de 20 pessoas já foram ouvidas pela polícia durante a investigação. Algumas, porém, tem medo de prestar depoimentos e foram apenas ouvidas informalmente. A polícia tem até o dia 17 de janeiro para concluir o inquérito.
Sobre as motivações do crime, o delegado descarta, pelo menos por enquanto, uma disputa político-partidária. Para Tadros, Paschoalin teria "contrariado os interesses de um grupo que ansiava o poder". Sem citar nomes, o delegado afirmou que os indícios apontam para uma ligação com um suposto "mensalinho" que teria envolvimento do prefeito, mas ainda não é possível aprofundar a hipótese. A família do prefeito, no entanto, suspeita de crime político.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, investiga seis dos 11 vereadores do município por suspeita de corrupção. Segundo o promotor Roberto Porto, há indícios de que os políticos receberiam propinas de R$ 10 mil para a aprovação de projetos da prefeitura.
Segundo Porto, a investigação começou após a morte de um ex-vereador da cidade, Waldomiro Moreira de Oliveira, o Mineiro, assassinado em julho deste ano. O promotor disse que o vereador entregou ao MP uma fita com uma gravação em que aparece conversando com outro legislador sobre o pagamento de R$ 200 mil para a aprovação das contas da prefeitura.
O caso
O prefeito foi executado por volta das 8h do dia 11 de dezembro em Jandira, enquanto deixava, acompanhado de seu motorista, um carro em uma rua próxima à rádio Astral, onde participaria do programa semanal Bom Dia Prefeito. Os criminosos fugiram de carro após passarem atirando pelo veículo do prefeito. O motorista foi baleado na cabeça e passou por cirurgia.