WikiLeaks: ex-guerrilheiro recebeu visto americano por engano
Telegrama obtido pelo site WikiLeaks aponta que a concessão de visto de entrada nos Estados Unidos ao ex-guerrilheiro Paulo de Tarso Venceslau - interpretada como sinal de abertura na política externa do governo de Barack Obama - foi, de fato, um engano da diplomacia americana. Venceslau integrou o grupo que sequestrou o embaixador americano Charles Burke Elbrick, em 1969, para forçar a ditadura a libertar presos políticos. Os outros participantes da ação - incluindo o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, e o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) - não podem visitar os Estados Unidos. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Segundo o documento interceptado pelo WikiLeaks, o consulado americano em São Paulo concedeu o visto sem perceber de quem se tratava. Depois que o caso veio à tona, a embaixada em Brasília recomendou que os Estados Unidos mantivessem a decisão, para evitar uma possível crise com o Itamaraty. O texto foi enviado em 14 de outubro de 2009 pela conselheira Lisa Kubiske, que afirmou que o visto poderia lançar dúvidas sobre a política dos EUA contra o terrorismo. Entretanto, segundo Kubiske, um recuo "levaria a reação forte e negativa da imprensa brasileira", que impediria uma maior aproximação da relação entre os dois países.
O vazamento WikiLeaks
No dia 28 de novembro, a organização WikiLeaks divulgou mais de 250 mil documentos secretos enviados de embaixadas americanas ao redor do mundo a Washington. A maior parte dos dados trata de assuntos diplomáticos - o que provocou a reação de diversos países e causou constrangimento ao governo dos Estados Unidos. Alguns documentos externam a posição dos EUA sobre líderes mundiais.
Em outros relatórios, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pede que os representantes atuem como espiões. Durante o ano, o WikiLeaks já havia divulgado outros documentos polêmicos sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque, mas os dados sobre a diplomacia americana provocaram um escândalo maior. O fundador da organização, o australiano Julian Assange, foi preso no dia 7 de dezembro, em Londres, sob acusação emitida pela Suécia de crimes sexuais, e solto no dia 16. Agora, Assange espera em liberdade condicional por uma nova audiência de extradição.