PUBLICIDADE

Política

Marta: Sarney deve assumir Senado sem resistência do PT

16 dez 2010 - 16h23
(atualizado às 17h29)
Compartilhar

Eleita senadora por São Paulo em outubro, a petista Marta Suplicy disse estar disposta a defender a política de alianças com os partidos que ajudaram a eleger Dilma Rousseff e ainda afirmou que a reeleição do senador José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado não sofrerá resistências por parte do PT.

Marta, de 65 anos, indicou também que será um soldado do Partido dos Trabalhadores e da presidente eleita Dilma Rousseff quando assumir o mandato no Senado, em fevereiro. Ela adiantou que, na composição da direção do Senado, o PT almeja a primeira vice-presidência, função que tem interesse em ocupar.

"Tudo indica que o PMDB avalia Sarney como candidato mais estável para sua composição. O que melhor compõe o partido. E vamos acolher quem for indicado e não vamos criar nenhum problema, muito pelo contrário, queremos governabilidade", disse.

Principal aliado do PT, o PMDB, que tem a vice-presidência de Dilma, deve apresentar o nome de Sarney para um novo mandato de dois anos à frente do Senado. As articulações para este entendimento estão previstas para o início do ano. "Vai ficar brigando e criar aquela confusão toda de novo? Eles têm direito", resumiu Marta.

Como maior bancada no Senado, com 21 integrantes em 2011, o PMDB tem a prerrogativa da presidência. O PT vem em seguida, com 14 senadores, sendo 11 eleitos este ano.

"Espero ser o braço direito de Dilma e ajudá-la em tudo que for possível. Ser uma interlocutora entre governo, PMDB e forças do Senado",explicou a senadora eleita.

Em 2009, o senador Tião Viana (PT-AC) causou alvoroço ao se lançar à presidência do Senado. Sem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que optou por Sarney, acabou derrotado. Depois de eleito, Sarney foi crivado de denúncias sobre participação em práticas irregulares que serviriam a interesses privados.

Questionada sobre a atitude do líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), que ensaiou deixar a liderança do partido para demonstrar insatisfação contra a orientação do PT pelo arquivamento das acusações contra Sarney, Marta disse que foi uma atitude pessoal.

"Foi um ato bastante pessoal e não de governabilidade", respondeu, ressaltando que não pretende, com este comentário, se opor ao colega que deixou de concorrer à reeleição ao Senado para disputar o governo paulista, abrindo caminho para ex-prefeita de São Paulo (2001-2004).

Vice-presidência

Eleito Sarney, o PT terá as opções de ocupar a primeira vice-presidência ou a primeira secretaria. A vice, segundo Marta, daria a Dilma mais segurança no Senado evitando os reveses que o presidente Lula passou nos momentos em que o senador Marconi Perillo (PSDB-GO), atual primeiro vice, assumiu o comando.

"Temos um viés, que é o político, que é a primeira vice, para não permitir o que aconteceu no governo Lula com o PSDB ocupando este espaço. Ou nós podemos ter a primeira secretaria com muitos cargos e muita possibilidades de efetuar reformas, correndo um risco enorme de governabilidade", analisou Marta.

Ela relatou que houve duas reuniões entre senadores petistas atuais e eleitos quando o presidente do PT, José Eduardo Dutra, se posicionou pela primeira vice.

Além de pretender ser escolhida para a vice, Marta declarou que gostaria de presidir uma das comissões da Casa, rejeitando as funções de líder da bancada e do governo. Para outros cargos, como ministra (ocupou o Turismo de 2007-2008) ou candidata a prefeita de São Paulo, que saiu derrotada duas vezes, deixou a porta aberta.

"Tenho oito anos no Senado, eu não posso fechar a porta para nada, nem me interessa, porque isso eu aprendi, política é conjuntura. No momento eu estou focada em ser senadora. Não vou mexer um pauzinho nem para ser ministra e nem para ser candidata a nada", afirmou.

Sobre sua eleição, fez uma crítica ao partido que, segundo ela, não avaliou corretamente o potencial do tucano Aloysio Nunes Ferreira, eleito senador com 11 milhões de votos, enquanto ela recebeu 8,3 milhões.

O PT, de acordo com Marta, não considerou que Aloysio tinha dois âncoras fortes no PSDB, o governador eleito Geraldo Alckmin e o candidato à presidência José Serra, que saiu derrotado no país, mas ganhou de Dilma no Estado.

"Achar que nós íamos fazer dois candidatos do mesmo campo foi equivocado também. Não é da história paulista eleger dois candidatos ao Senado do mesmo campo", afirmou, referindo-se à candidatura de Netinho de Paula (PCdoB).

Marta disse que pretende ser escolhida para a vice-presidência do Senado e  declarou que gostaria de presidir uma das comissões da Casa
Marta disse que pretende ser escolhida para a vice-presidência do Senado e declarou que gostaria de presidir uma das comissões da Casa
Foto: Ivan Pacheco / Terra
Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade