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Polícia

Ex-oficial do Bope diz ter desejado morte de traficantes em fuga

3 dez 2010 - 05h38
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Gabriel Macieira
Direto do Rio de Janeiro

O ex-oficial do Bope e comentarista policial Rodrigo Pimentel disse em debate promovido pelo jornal Folha de S. Paulo na noite de quinta-feira (2), no Rio de Janeiro, que, ao ver os traficantes fugirem durante a ocupação da Vila Cruzeiro na semana passada, desejou que todos morressem. "Não tenho a menor vergonha de afirmar que gostaria que eles morressem. A legalidade não permitia, a Polícia Civil tinha capacidade de estar com um helicóptero ali, sim, e o Bope também já estava no mato com capacidade para alvejar aqueles bandidos", assumiu Pimentel.

O debate foi promovido para discutir o tráfico na cidade carioca, e o mapeamento das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o envolvimento da polícia com o tráfico e a união das facções criminosas foram os assuntos mais discutidos e criticados. Além de Pimentel, participaram do evento o cineasta José Padilha, diretor do filme Tropa de Elite, o deputado estadual Marcelo Freixo e o antropólogo Luiz Eduardo Soares.

O deputado Freixo disse que a UPP é feita em cima de um mapeamento em prol da cidade e não do morador da favela. "O mapa das UPPs é revelador, é um corredor hoteleiro, é zona portuária em torno do Maracanã. Esse é um projeto para a cidade. A favela não tem que ser boa para quem mora fora dela, ela tem que ser boa para o morador", afirmou. "A gente acha normal que dignidade no Rio tenha CEP. É como se aquela população tivesse responsabilidade por aquele caos que ela sempre conviveu", completou o deputado.

A polícia foi criticada pelos convidados, unânimes quanto à existência de policiais corruptos. Para o cineasta José Padilha, existem menos policias honestos do que corruptos. "O estado ativamente produz criminosos violentos torturando as pessoas na cadeia. O estado organiza o tráfico de drogas. Isso é um processo que converte miséria em violência. Quando você tem uma instituição que de 40 mil, 20 mil são corruptos. O problema não é o homem e sim a instituição", comentou Padilha.

Outro que criticou a polícia foi Luiz Eduardo Soares, que acha que para mudar o tráfico é preciso valorizar a polícia. "Ainda temos policiais honrados e honestos arriscando todos os dias suas vidas por salários indignos. Eles são obrigados a conviver com criminosos. Não há tráfico de drogas sem a participação de policias. Me parece uma enorme hipocrisia quando apresentam que agora as forças do bem se opõem ao tráfico", disse o ex-secretário nacional de Segurança Pública.

O debate durou cerca de duas horas e meia e foi encerrado com a participação do público fazendo perguntas aos convidados.

Motor de Clio foi danificado por atentado em rua da Tijuca
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Foto: Mauricio Bazilio / Futura Press
Fonte: Especial para Terra
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