PUBLICIDADE

Polícia

Escondido embaixo de cama, Zeu demonstra fragilidade, diz PM

29 nov 2010 - 11h19
(atualizado em 1/12/2010 às 19h04)
Compartilhar
Vagner Magalhães
Direto do Rio de Janeiro

Tido como o responsável por queimar o corpo do jornalista Tim Lopes, morto em junho de 2002 no Rio de Janeiro, o traficante Elizeu Felício de Souza, o Zeu, tinha um histórico de crimes bárbaros que rendiam a ele a imagem de criminoso de alta periculosidade. Para a Polícia Militar, entretanto, as circunstâncias de sua prisão na tarde de domingo, quando foi flagrado escondido embaixo de uma cama no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, demonstram a sua fragilidade diante do cerco das forças de segurança.

"O Zeu, que era procurado há quatro anos pela polícia, foi preso embaixo da cama, protegido por familiares. Todos o viam como um traficante de alta periculosidade. Por essa cena, podemos concluir que eles (traficantes) são frouxos, são frágeis", afirmou o coronel Lima Castro, relações públicas da PM.

Segundo a PM, Zeu não estava armado e se entregou à polícia após ser cercado. O traficante foi condenado a 23 anos de prisão pela morte de Tim Lopes, mas estava foragido da Justiça desde 2007, quando conseguiu fugir da cadeia graças a uma saída temporária. Ele fazia parte da lista dos criminosos mais procurados pela polícia do Rio, com recompensa de R$ 10 mil para informações que levassem à sua recaptura.

Zeu também é suspeito de ter participado da invasão do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro, e da ação que derrubou o helicóptero da Polícia Militar, em outubro do ano passado, segundo inquérito da Polícia Civil.

Segundo Lima Castro, o grande número de homens empregados na operação no Complexo do Alemão e a cooperação entre as polícias Militar, Civil e Federal e as Forças Armadas facilitaram a prisão de Zeu. "A forma com que foi organizada a operação de domingo permitiu que um tenente com apenas quatro anos de serviço fizesse a prisão sem que houvesse qualquer resistência", afirmou o coronel.

De acordo com o relações públicas da PM, o Disque-Denúncia tem recebido informações desencontradas sobre possíveis fugas de traficantes. "Em dias normais, 30% das ligações são trote. Imagine em uma situação como esta. Ainda assim, tudo está sendo apurado", afirmou.

Violência

Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o terceiro. Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer).

Cartas divulgadas pela imprensa na segunda-feira levantaram a hipótese de que o ataque teria sido orquestrado por líderes de facções criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O governo do Rio afirmou que há informações dos serviços de inteligência que levam a crer no plano de ataque, mas que não há nada confirmado.

Na terça, todo efetivo policial do Rio foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Ao longo da semana, Marinha, Exército e Polícia Federal passaram a integrar as forças de segurança para combater a onda de violência.

Desde o início dos ataques, o governo do Estado transferiu 18 presidiários acusados de liderar a onda de ataques para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Os traficantes Marcinho VP, Elias Maluco e mais onze presidiários que estavam na penitenciária de Catanduvas foram transferidos para o Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia.

Na quinta-feira, 200 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Muitos traficantes fugiram para o Complexo do Alemão. O sábado foi marcado pelo cerco ao Complexo do Alemão. À tarde, venceu o prazo dado pela Polícia Militar para os traficantes se entregarem. Dentre os poucos que se apresentaram, está Diego Raimundo da Silva dos Santos, conhecido como Mister M, que foi convencido pela mãe e por pastores a se entregar. Na manhã de domingo, as forças efetuaram a ocupação do complexo.

Desde o início dos ataques, até a incursão no Complexo do Alemão, no domingo, 28, pelo menos 38 pessoas morreram em confrontos no Rio de Janeiro e 181 veículos foram incendiados.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade