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Polícia

Rio: polícia aguarda ordem para invadir Complexo do Alemão

28 nov 2010 - 07h17
(atualizado às 07h53)
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O subsecretário operacional da Polícia Civil, delegado Rodrigo Oliveira, informou neste domingo que os policiais aguardam apenas a ordem da Secretaria de Segurança Pública para iniciar a invasão do Complexo do Alemão, na Penha, na zona norte do Rio de Janeiro.

Desde sábado, moradores deixam as favelas do complexo, que amanheceu mais vazio neste domingo
Desde sábado, moradores deixam as favelas do complexo, que amanheceu mais vazio neste domingo
Foto: Reinaldo Marques / Terra

Um intenso tiroteiro, porém breve, foi ouvido a partir das 6h48 neste domingo no Complexo do Alemão, depois de uma madrugada calma no Rio de Janeiro. Pouco depois, mais de 50 carros, que estavam concentrados na Quinta da Boa Vista, começaram a sair, em grupos separados, em diferentes sentidos, como no da comunidade da Mangueira e outros no de São Cristóvão. Todos, porém, rumo ao Complexo do Alemão.

Por volta das 5h, os jornalistas puderam acompanhar a ação policial, na qual qualquer carro que passava pelas redondezas do conjunto de favelas era revistado. Também havia muitas famílias do lado de fora do complexo, não se sabia se era por vontade própria ou se esses moradores teriam sido expulsos por traficantes.

Violência

Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o terceiro. Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer) que andava em velocidade reduzida devido a uma pane mecânica. A quadrilha chegou a arremessar uma granada contra o utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da Aeronáutica Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso. A partir de então, os ataques se multiplicaram.

Na segunda-feira, cartas divulgadas pela imprensa levantaram a hipótese de que o ataque teria sido orquestrado por líderes de facções criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O governo do Rio afirmou que há informações dos serviços de inteligência que levam a crer no plano de ataque, mas que não há nada confirmado. Na terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos, três detidos e três mortos.

Na quarta-feira, com o policiamento reforçado e as operações nas favelas, 15 pessoas morreram em confronto com os agentes de segurança, 31 foram presas e dois policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) se feriram, no dia mais violento até então. Entre as vítimas dos confrontos, está uma adolescente de 14 anos, que morreu após ser baleada nas costas. Além disso, 15 carros, duas vans, sete ônibus e um caminhão foram queimados no Estado.

Ainda na quarta-feira, o governo do Estado transferiu oito presidiários do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Eles são acusados de liderar a onda de ataques. Outra medida para tentar conter a violência foi anunciada pelo Ministério da Defesa: o Rio terá o apoio logístico da Marinha para reforçar as ações de combate aos criminosos. Até quarta-feira, 23 pessoas foram mortas, 159 foram presas ou detidas e 37 veículos foram incendiados no Estado

Na quinta-feira, a polícia confirmou que nove pessoas morreram em confronto na favela de Jacaré, zona norte do Rio. Durante o dia, 200 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na maior operação desde o começo dos atentados. Os agentes contaram com o apoio de blindados fornecidos pela Marinha. Quinze pessoas foram presas ao longo do dia e 35 veículos, incendiados.

Durante a noite, 13 presidiários que estavam na Penitenciária de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, foram transferidos para o Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia. Entre eles, Marcinho VP e Elias Maluco, considerados, pelo setor de inteligência da Secretaria Estadual de Segurança, diretamente ligados aos atos de violência ocorridos nos últimos dias. Também à noite, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, assinou autorização para que 800 homens do Exército sejam enviados para garantir a proteção das áreas ocupadas pelas polícias. Além disso, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, anunciou que a Polícia Federal vai se integrar às operações.

Na sexta-feira, a força-tarefa que combate a onda de ataques ganhou o reforço de 1,1 mil homens da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército e da Polícia Federal, que auxiliaram no confronto com traficantes no Complexo do Alemão e na vila Cruzeiro. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a polícia permanecerá nas favelas por tempo indeterminado. A troca de tiros entre policias e bandidos no Complexo do Alemão matou o traficante Thiago Ferreira Farias, conhecido como Thiaguinho G3. Uma mulher de 61 anos foi atingida pelo tiroteio na favela e resgatada por um carro blindado da polícia. Foram registrados quatro mortos e dois feridos ao longo do dia. Um fotógrafo da agência Reuters foi baleado no ombro e hospitalizado.

Na parte da noite, o Departamento de Segurança Nacional (Depen) confirmou a transferência de 10 apenados do Rio de Janeiro para o presídio federal de Catanduvas (PR). Também à noite, a Justiça decretou a prisão de três advogados do traficante Marcinho VP e a Polícia Civil anunciou a prisão de sua mulher por lavagem de dinheiro.

O sábado foi marcado pelo cerco ao Complexo do Alemão. No final da manhã, as tropas do Bope, com auxílio dos blindados do Exército e da Marinha e apoio de 800 militares das Forças Armadas, avançaram sobre o conjunto que abrange oito favelas em cinco bairros do Rio de Janeiro. Ainda no final da tarde de sábado, venceu o prazo dado pela Polícia Militar para os traficantes se entregarem. Dentre os poucos que se apresentaram, está Diego Raimundo da Silva dos Santos, conhecido como "Mr M", que foi convencido pela mãe e por pastores a se entregar.

No final da noite de sábado, os policiais do Bope, equipados com óculos de visão noturna, aguardavam a decisão da Secretaria de Segurança Pública para invadir o Complexo do Alemão. Segundo boletim divulgado pela Polícia Militar, no sábado, duas pessoas foram presas, quatro menores detidos e dois ficaram feridos.

Desde o início dos ataques, no domingo (21), pelo menos 38 pessoas morreram em confrontos no Rio de Janeiro.

Com informações de O Dia.

Fonte: Redação Terra
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