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Polícia

Menor é baleado por traficantes em meio à crise no RJ

27 nov 2010 - 10h32
(atualizado às 11h51)
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Um menor foi baleado nas pernas na madrugada deste sábado no Rio de Janeiro, onde os confrontos entre policiais e traficantes já causaram 35 mortos nesta semana, informaram fontes oficiais.

Nesta madrugada, os delinquentes atearam fogo a cinco automóveis estacionados em Nova Iguaçu, município da região metropolitana do Rio de Janeiro.

O menor ferido, de 12 anos, morador da favela do Jacarezinho, disse à Polícia que foi baleado nas pernas por supostos traficantes porque se negou a conseguir gasolina que seria utilizada para queimar veículos.

Mais de cem veículos foram incendiados nesta semana por traficantes em diferentes pontos do Rio de Janeiro e na região metropolitana, o que levou à Polícia a entrar em 30 favelas para tentar colocar fim à violência.

Apesar dos ataques das últimas horas, a madrugada deste sábado foi a mais tranquila vivida nesta semana na cidade.

Por sua vez, as autoridades informaram que dois homens morreram em um tiroteio com policiais registrado nesta manhã na cidade de Maricá, a 50 quilômetros do Rio, mas não conseguiram estabelecer se o incidente está relacionado com os fatos dos últimos dias.

O nível de violência obrigou à Polícia na quinta-feira a pedir à Marinha do Brasil veículos blindados para poder entrar na favela Vila Cruzeiro, um autêntico forte dos traficantes, que fugiram em direção ao vizinho Complexo do Alemão, cujos principais acessos foram tomados por policiais e soldados do Exército.

As cenas de guerra registradas há dois dias na Vila Cruzeiro, com blindados nas ruas e tiroteios em diferentes pontos do bairro deram a volta ao mundo e obrigaram às autoridades a pedir ajuda do Exército, que enviou 800 homens para o combate ao crime organizado.

Policiais e soldados mantêm o controle da Vila Cruzeiro e cercaram o Complexo do Alemão, uma conflituosa rede de favelas a partir de onde na sexta-feira à noite houve tiroteios esporádicos sem o registro de vítimas fatais.

Desde o início dos ataques, no último domingo, pelo menos 38 pessoas morreram em confrontos no Rio de Janeiro.

Violência

Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o terceiro. Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer) que andava em velocidade reduzida devido a uma pane mecânica. A quadrilha chegou a arremessar uma granada contra o utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da Aeronáutica Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso. A partir de então, os ataques se multiplicaram.

Na segunda-feira, cartas divulgadas pela imprensa levantaram a hipótese de que o ataque teria sido orquestrado por líderes de facções criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O governo do Rio afirmou que há informações dos serviços de inteligência que levam a crer no plano de ataque, mas que não há nada confirmado. Na terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos, três detidos e três mortos.

Na quarta-feira, com o policiamento reforçado e as operações nas favelas, 15 pessoas morreram em confronto com os agentes de segurança, 31 foram presas e dois policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) se feriram, no dia mais violento até então. Entre as vítimas dos confrontos, está uma adolescente de 14 anos, que morreu após ser baleada nas costas. Além disso, 15 carros, duas vans, sete ônibus e um caminhão foram queimados no Estado.

Ainda na quarta-feira, o governo do Estado transferiu oito presidiários do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Eles são acusados de liderar a onda de ataques. Outra medida para tentar conter a violência foi anunciada pelo Ministério da Defesa: o Rio terá o apoio logístico da Marinha para reforçar as ações de combate aos criminosos. Até quarta-feira, 23 pessoas foram mortas, 159 foram presas ou detidas e 37 veículos foram incendiados no Estado.

Na quinta-feira, a polícia confirmou que nove pessoas morreram em confronto na favela de Jacaré, zona norte do Rio. Durante o dia, 200 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na maior operação desde o começo dos atentados. Os agentes contaram com o apoio de blindados fornecidos pela Marinha. Quinze pessoas foram presas ao longo do dia e 35 veículos, incendiados.

Durante a noite, 13 presidiários que estavam na Penitenciária de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, foram transferidos para o Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia. Entre eles, Marcinho VP e Elias Maluco, considerados, pelo setor de inteligência da Secretaria Estadual de Segurança, diretamente ligados aos atos de violência ocorridos nos últimos dias. Também à noite, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, assinou autorização para que 800 homens do Exército sejam enviados para garantir a proteção das áreas ocupadas pelas polícias. Além disso, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, anunciou que a Polícia Federal vai se integrar às operações.

Na sexta-feira, a força-tarefa que combate a onda de ataques ganhou o reforço de 1,1 mil homens da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército e da Polícia Federal, que auxiliaram no confronto com traficantes no Complexo do Alemão e na vila Cruzeiro. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a polícia permanecerá nas favelas por tempo indeterminado. A troca de tiros entre policias e bandidos no Complexo do Alemão matou o traficante Thiago Ferreira Farias, conhecido como Thiaguinho G3. Uma mulher de 61 anos foi atingida pelo tiroteio na favela e resgatada por um carro blindado da polícia. Foram registrados quatro mortos e dois feridos ao longo do dia. Um fotógrafo da agência Reuters foi baleado no ombro e hospitalizado.

Na parte da noite, o Departamento de Segurança Nacional (Depen) confirmou a transferência de 10 apenados do Rio de Janeiro para o presídio federal de Catanduvas (PR). Também à noite, a Justiça decretou a prisão de três advogados do traficante Marcinho VP e a Polícia Civil anunciou a prisão de sua mulher por lavagem de dinheiro.

EFE   
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