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Polícia

Operação na Cruzeiro é divisor de águas, diz instrutor da Swat

27 nov 2010 - 03h41
(atualizado às 04h19)
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A articulação entre as polícias estadual, federal e as Forças Armadas é fundamental para o sucesso da operação nos complexos do Alemão e da Penha. A avaliação é de Marcos do Val, especialista em segurança que mora nos Estados Unidos, onde é instrutor da Swat, a tropa de elite da polícia americana. Para ele, a ação que culminou com a ocupação no Complexo da Penha representou um divisor de águas na história do combate ao crime no Brasil.

"O que aconteceu já foi uma mostra dessa cooperação. Pela primeira vez, houve uma união, sem vaidades, entre as polícias e as Forças Armadas. Cada uma operou dentro de suas funções, o que foi essencial para o sucesso da operação. Outro ponto importante foi o apoio ostensivo da população às ações da polícia, o que motiva bastante a tropa", avalia o especialista.

Especialista em armamentos, Antônio Carlos Magalhães também ressalta a importância dos blindados das Forças Armadas: "os blindados têm um forte poder de intimidação. A rigor, não existe necessidade de usar as armas deles. Nas operações, porém, os policiais podem contar ainda com a ajuda de armas não-letais de maneira tática, para fazer com que os criminosos se movimentem", comenta.

O sociólogo Dario Sousa, da Uerj, pondera que a ocupação da Secretaria de Segurança precisa contar com o apoio de outras pastas do governo. "A ocupação não pode ser só militar e precisa ser articulada com outros setores do governo".

No 'NY Times': "ataque à fortaleza de traficantes"

A guerra contra a violência no Rio de Janeiro continua no foco da mídia internacional. O jornal americano The New York Times chamou a ação de "ataque à fortaleza de traficantes". O site da CNN atentou para o envio de 800 soldados do exército e a preocupação com Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016. No argentino Clarín, a cobertura é em tempo real e avisa "Segue a guerra entre militares e traficantes no Rio". E o espanhol El País tratou como o Complexo do Alemão como o local onde se refugiam cerca de mil traficantes.

Violência

Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o terceiro. Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer) que andava em velocidade reduzida devido a uma pane mecânica. A quadrilha chegou a arremessar uma granada contra o utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da Aeronáutica Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso. A partir de então, os ataques se multiplicaram.

Na segunda-feira, cartas divulgadas pela imprensa levantaram a hipótese de que o ataque teria sido orquestrado por líderes de facções criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O governo do Rio afirmou que há informações dos serviços de inteligência que levam a crer no plano de ataque, mas que não há nada confirmado. Na terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos, três detidos e três mortos.

Na quarta-feira, com o policiamento reforçado e as operações nas favelas, 15 pessoas morreram em confronto com os agentes de segurança, 31 foram presas e dois policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) se feriram, no dia mais violento até então. Entre as vítimas dos confrontos, está uma adolescente de 14 anos, que morreu após ser baleada nas costas. Além disso, 15 carros, duas vans, sete ônibus e um caminhão foram queimados no Estado.

Ainda na quarta-feira, o governo do Estado transferiu oito presidiários do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Eles são acusados de liderar a onda de ataques. Outra medida para tentar conter a violência foi anunciada pelo Ministério da Defesa: o Rio terá o apoio logístico da Marinha para reforçar as ações de combate aos criminosos. Até quarta-feira, 23 pessoas foram mortas, 159 foram presas ou detidas e 37 veículos foram incendiados no Estado

Na quinta-feira, a polícia confirmou que nove pessoas morreram em confronto na favela de Jacaré, zona norte do Rio. Com isso, desde domingo, o número de mortos na onda de violência nas ruas do Rio de Janeiro e nas cidades da região Metropolitana chegou a 32. Durante o dia, 200 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na maior operação desde o começo dos atentados. Os agentes contaram com o apoio de blindados fornecidos pela Marinha. Quinze pessoas foram presas ao longo do dia e 35 veículos, incendiados.

Durante a noite, 13 presidiários que estavam na Penitenciária de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, foram transferidos para o Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia. Entre eles, Marcinho VP e Elias Maluco, considerados, pelo setor de inteligência da Secretaria Estadual de Segurança, diretamente ligados aos atos de violência ocorridos nos últimos dias. Também à noite, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, assinou autorização para que 800 homens do Exército sejam enviados para garantir a proteção das áreas ocupadas pelas polícias. Além disso, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, anunciou que a Polícia Federal vai se integrar às operações.

Bope troca tiros com traficantes em favela do Complexo do Alemão
Bope troca tiros com traficantes em favela do Complexo do Alemão
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Fonte: O Dia
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