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Polícia

RJ: blindados começam a entrar na Cruzeiro; tiroteio é intenso

25 nov 2010 - 13h24
(atualizado às 19h44)
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Luis Bulcão Pinheiro
Vagner Magalhães
Direto do Rio de Janeiro

A Polícia Militar do Rio de Janeiro informou no início da tarde desta quinta-feira que utiliza na invasão à Vila Cruzeiro, na zona norte da capital fluminense, seis veículos M113 pela primeira vez. Como tanques de guerra, os carros de combate são blindados e carregam cada um deles doze soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e dois fuzileiros, que prestam assessoramento na condução de tais veículos.

De acordo com o coronel Álvaro Garcia, chefe do Estado-Maior da Polícia Militar, a operação pretende restituir a cidadania dos moradores do complexo. A troca de tiros no local é intensa.

"A troca de tiros é intensa. Eles (bandidos) tentaram impedir a ação da polícia. Não temos data para encerrar a operação.", disse Garcia. Os seis veículos blindados da Marinha estão sendo levando cerca de 160 homens até o centro da vila Cruzeiro. A intenção da PM é chegar até um local seguro, dentro da área dominada pelos traficantes, para iniciar a ocupação.

Segundo ele, a operação conta com 130 homens do Bope, 40 policiais militares do 16º Batalhão da PM de Olaria.

"O objetivo da operação é prender as pessoas que estão promovendo os ataques pela cidade", disse. Segundo ele, essa ocupação do Complexo de Vila Cruzeiro é por tempo indeterminado.

Questionado sobre o interesse da polícia na instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no local, ele disse que esse não é objetivo no momento.

A polícia também informou que está preparando para a noite desta quinta-feira 50 rotas pela cidade, mas sem divulgar os locais, com a intenção de prender envolvidos nos ataques do Rio.

No início desta tarde, um homem atingido por uma bala nas nádegas no tiroteio na Vila Cruzeiro foi detido pela polícia e levado para o Hospital Getúlio Vargas. Segundo a PM, o suspeito teria descido o morro para se tratar e foi medicado.

De acordo com a PM, os blindados são equipados com metralhadoras calibre 50, com poder para abater até helicópteros. No entanto, não há intenção de se usar o armamento nesta operação.

Violência

Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o terceiro. Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer) que andava em velocidade reduzida devido a uma pane mecânica. A quadrilha chegou a arremessar uma granada contra o utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da Aeronáutica Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso. A partir de então, os ataques se multiplicaram.

Na segunda-feira, cartas divulgadas pela imprensa levantaram a hipótese de que o ataque teria sido orquestrado por líderes de facções criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O governo do Rio afirmou que há informações dos serviços de inteligência que levam a crer no plano de ataque, mas que não há nada confirmado. Na terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos, três detidos e cinco mortos.

Na quarta-feira, com o policiamento reforçado e as operações nas favelas, 15 pessoas morreram em confronto com os agentes de segurança, 31 foram presas e dois policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) se feriram, no dia mais violento até então. Entre as vítimas dos confrontos, está uma adolescente de 14 anos, que morreu após ser baleada nas costas. Além disso, 15 carros, duas vans, sete ônibus e um caminhão foram queimados no Estado.

Ainda na quarta-feira, o governo do Estado transferiu oito presidiários do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Eles são acusados de liderar a onda de ataques. Outra medida para tentar conter a violência foi anunciada pelo Ministério da Defesa: o Rio terá o apoio logístico da Marinha para reforçar as ações de combate aos criminosos. Até quarta-feira, 23 pessoas foram mortas, 159 foram presas ou detidas e 37 veículos foram incendiados no Estado

Fonte: Especial para Terra
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