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Pesquisa aponta redução dos manguezais no litoral sul de SP

27 out 2010 - 11h36
(atualizado às 11h37)
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Pesquisa realizada a análise de imagens de satélite constatou uma diminuição das áreas ocupadas por manguezais na região de Iguape, no litoral sul paulista. O estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e realizado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), constatou que algumas áreas têm sofrido intensa redução com a formação de grandes clareiras.

O litoral sul é a parte do Estado de São Paulo com as maiores áreas de mangue preservadas. Entretanto, a entrada de água doce pelo canal do Valo Grande está alterando a dinâmica do manguezal, explica a bióloga Marília Cunha Lignon, responsável pelo trabalho. "Espécies invasoras têm substituído os bosques de mangue", diz a especialista.

A fauna aquática também tem sofrido com a infiltração de água nessas regiões. "Essa água doce faz com que uma série de peixes de água salgada tenham morrido nessa região", relata a pesquisadora. Além disso, de acordo com Marília, a falta dos mangues é um fator que dificulta a reprodução de diversas espécies, tanto de invertebrados, quanto de peixes, que procriam nessas áreas.

O diretor da Divisão Municipal de Meio Ambiente de Iguape, André Shibud Gimenez, disse que já se verifica uma morte perene e constante dos manguezais e do plâncton em uma faixa de mais de 50 quilômetros. "Em Ilha Comprida, por exemplo, a comunidade caiçara de Juruvauva, que sobrevive da pesca e do cultivo de ostras, está em sérias dificuldades. O peixe se afastou e as ostras morreram por falta de salinidade", contou.

Para conter esse processo, a prefeitura defende a recomposição das comportas do Valo Grande. Marília Lingnon conta que o canal foi construído há cerca de 150 anos para facilitar o transporte do arroz que era produzido na região. Com o tempo, a força das águas alargou o canal dos quatro metros originais, para os 40 metros atuais.

O controle da vazão por meio das comportas, no entanto, pode trazer prejuízos às plantações de banana de algumas comunidades quilombolas, alerta Marília. "Não é uma questão fácil", ressalta.

Agência Brasil Agência Brasil
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