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Preso por assassinato, vereador recebe salário em Alagoas

7 out 2010 - 18h07
(atualizado às 18h09)
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Odilon Rios
Direto de Maceió

Mesmo preso há 67 dias sob acusação de envolvimento em um assassinato, o vereador da cidade de Campo Alegre (94 quilômetros de Maceió) Josevan Batista dos Santos, o Van do Careca (PTN) recebe R$ 3.400 de salário mais verba de gabinete. Ele não corre risco de cassação do mandato e só perde 10% do salário por mês, por não estar presente às sessões.

Isso porque, segundo a Câmara, a lei determina que uma pessoa só pode ser condenada por um crime se houver a palavra final da Justiça. "O vereador pode ser inocente neste crime. Seguimos a lei", disse o procurador da Câmara, Aluízio Rosendo. Pelo regimento interno do Legislativo, o vereador corre risco de cassação se faltar a um quarto das sessões durante um ano ou 14 vezes.

Entre a data da prisão do parlamentar, em 29 de julho, e hoje, segundo o procurador da Casa, passaram-se seis sessões. "Muitas sessões deixaram de ser realizadas por que os vereadores trataram de outros assuntos. Não existe tentativa de acobertar nada", explicou o procurador. Ele garantiu que a partir da semana que vem, o quadro vai mudar: o vereador entrou hoje com pedido de licença do cargo. Alegou motivos pessoais. "Depois que o plenário da Câmara votar este pedido de licença, ele fica sem salário".

O suplente, James de Lima, tenta assumir o cargo. Pediu uma posição da presidência da Câmara, mas não houve resposta. Na semana que vem, entra na Justiça contra o legislativo municipal. Ele cobra a ata das sessões. "O que queremos é a posse precária do suplente, considerando que devemos esperar a palavra final da Justiça. Nunca tivemos resposta da Mesa Diretora. Vamos à Justiça na segunda-feira", disse o advogado de James, André Monteiro.

Van do Careca está preso em uma sala especial no presídio Baldomero Cavalcante, em Maceió, por ser acusado de matar o líder político, filiado ao PT, Genildo Correia Soares, o Genildo do PT, em Campo Alegre. Genildo do PT foi executado a tiros em 29 de novembro do ano passado, no distrito de Luziápolis, na zona rural de Campo Alegre, quando deixava um estabelecimento comercial da região. Foi atingido por vários tiros de pistola, calibre ponto 40 e fugiu num veículo Palio, cor vinho. Campo Alegre é uma das cidades mais pobres de Alagoas. 50,54% da população é considerada pobre, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Das 47.209 pessoas do pequeno município, 27 mil tem menos de sete anos de estudo.

Fonte: Especial para Terra
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