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Polícia

Reconhecidos por arrastão são acusados de assassinato no Rio

30 set 2010 - 04h43
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Criminosos promoveram, nessa quarta-feira de manhã, o quinto arrastão desde a noite de segunda-feira na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Desta vez, bandidos, que usaram até granada na ação, escolheram uma rua residencial do Jardim Botânico, na Zona Sul. A Polícia Militar anunciou medidas para tentar evitar os ataques na região e na Barra da Tijuca. Dois suspeitos de participação no assalto - conhecidos pelo envolvimento em ações semelhantes - foram identificados.

Os dois suspeitos reconhecidos pelas vítimas são investigados por participação no sequestro e morte de um advogado, ocorrido no ano passado no Recreio dos Bandeirantes.

Por volta das 6h50, quatro homens num Honda Civic fecharam a Rua Faro, próximo à Rua Jardim Botânico, e deram início à série de roubos. Eles saquearam motoristas e pedestres que passavam na hora, levando carteiras, documentos, celulares, joias e outros pertences. Seis pessoas - quatro motoristas e dois pedestres - foram à 15ª DP (Gávea) e prestaram queixa do arrastão.

"Eu desci do meu prédio e, assim que coloquei o pé na rua, fui surpreendida por um homem armado. Ele pediu minha bolsa e me ameaçou. Disse que podia me matar. Tinha um outro homem com uma granada. Ele dizia que ia explodir todo mundo. Esse homem chegou a deixar a granada cair no chão, mas o outro bandido brigou com ele, dizendo para ele prestar atenção", descreveu uma residente de Enfermagem.

Natural de Campos, no Norte Fluminense, a jovem desabafou. "Vivo sozinha aqui no Rio. Tudo o que eu queria agora era voltar para lá. Assim que terminar (o período de residência médica), volto. No Rio, não vou ficar", ressaltou.

Outra vítima estava no carro com a filha de 9 anos no momento em que foi surpreendida pela ação criminosa. Nervosa, ela contou que teve uma arma apontada para a cabeça.

"Só espero que minha filha não fique traumatizada. Logo depois do assalto, quando voltamos para casa, ela estava com as pernas trêmulas".

Patrulha na esquina

Revoltada, uma geógrafa, também roubada pelo bando, disse ter vergonha de morar no Rio de Janeiro e afirmou que não indicará mais a cidade para turistas. "Agora, não vou mais sair para trabalhar, se a rua estiver engarrafada. Nem que eu tenha que me atrasar por horas. É apavorante. Claro que temos que mudar nossa rotina depois de uma ataque como esse. A indignação é grande porque lutei muito para chegar onde cheguei e pago um IPTU muito alto para sequer ter tranquilidade em uma manhã de quarta-feira".

Pouco depois do arrastão, uma patrulha do 23º BPM (Leblon), com dois policiais, foi deslocada para a esquina das ruas Faro e Jardim Botânico, onde ficou posicionada durante todo o dia.

Vítimas reconhecem dois bandidos

De acordo com a delegada Bárbara Lomba, titular da 15ª DP, os assaltantes Ronaldo Grasso e Beethoven Ramalho, da quadrilha dos morros do Fallet e Fogueteiro, no Catumbi, na Zona Norte, foram reconhecidos em fotos pelas vítimas.

"Ronaldo faz parte de uma família de assaltantes que já foi alvo de investigação da 15ª DP, em 2008. Na ocasião, os irmãos Rodrigo e Cristiano Grasso, líder da quadrilha, acabaram presos. Um sobrinho deles, Daniel, foi morto durante um arrastão, também no Jardim Botânico", lembrou a a delegada, acrescentando: "Em 2008, ocorreram crimes semelhantes, e conseguimos desarticular a quadrilha".

Acusados de participar da morte de advogado

Os dois bandidos reconhecidos pelas vítimas do ataque no Jardim Botânico são investigados de participação no sequestro e morte do advogado Bolívar Souza da Silva, 45 anos, em julho do ano passado, no Recreio dos Bandeirantes.

Na ocasião, a vítima foi rendida por quatro homens e obrigada a seguir para seu apartamento. Mas Bolívar tinha a chave do imóvel de um amigo, que estava à venda, e levou os criminosos para lá. Ao chegar ao local, o advogado tentou correr e foi baleado na cabeça.

Beethoven acabou preso um mês depois por policiais da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), mas foi beneficiado por um alvará de soltura em 30 de setembro. Com três comparsas, o bandido já havia sido capturado, em 2005, por agentes da Polinter após arrastão no Elevado Paulo de Frontin.

Operações conjuntas e reforço no policiamento

Três horas após o arrastão, os comandantes dos batalhões do Leblon e do Recreio, coronéis Rogério Leitão e Antônio Couto, reuniram-se com 11 lideranças comunitárias da Zona Sul e Barra da Tijuca. No encontro foram definidas novas estratégias de policiamento ostensivo na região.

Entre as mudanças, os dois batalhões farão operações conjuntas em horários de maior incidência de roubos.

"Não acreditamos que os roubos pela manhã sejam motivados pelo horário da troca de turno policial, pois um PM só sai quando o outro chega. Os bandidos realmente estão adiantando o horário dos roubos. Por isso, vamos aumentar e reforçar o policiamento. Vamos fazer ainda uma ocupação redimensionada nos horários de incidência dos roubos", disse o coronel Rogério Leitão, do 23º BPM (Leblon).

De acordo com o comandante, ainda não é possível afirmar se o grupo que agiu no Jardim Botânico é o mesmo que promoveu um arrastão na Estrada do Joá, na noite de segunda-feira.

"Tivemos informações de que eles não fugiram para a Rocinha. Foram para o lado contrário. Estamos em contato com a Polícia Civil e com a sociedade para prendermos esses criminosos. É de extrema importância que quem tiver qualquer informação sobre esses criminosos passe para a polícia. Caso não queiram se expor, podem usar o Disque-Denúncia (2253-1177)", pediu.

Fonte: O Dia
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