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Política

Acervo de Lula reúne joias, cartas, remédios e itens inusitados

24 set 2010 - 09h13
(atualizado às 09h49)
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Tatiana Damasceno
Direto de Brasília

Faltam menos de quatro meses para o novo presidente da República assumir o governo, mas Luiz Inácio Lula da Silva ainda não decidiu qual o destino do imenso acervo pessoal que acumulou em mais de sete anos de mandato.

Lula cancela reunião para receber Sílvio Santos:

Assim que um presidente é diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seus pertences passam a ter interesse documental (organizados pela União), independentemente do chefe do Executivo nacional ter recebido os objetos antes, durante ou depois do mandato presidencial. Os presentes que Lula ganha em suas viagens pelo País e pelo exterior, e também os que são enviados para a Presidência, fazem parte desse acervo.

A variedade de itens recebidos é imensa. Vão desde simples camisetas, bonés, peças de artesanato, rosários, santos, quadros, tapetes, bolas de futebol, até colares de ouro cravejados de rubis e brilhantes.

Somente de correspondências, uma média de 250 cartas e a mesma quantidade de e-mails são recebidos pela Presidência da República todos os dias. Em um mês, são catalogadas entre 6 e 8 mil cartas em papel. Uma triagem é feita, e as correspondências são divididas em categorias. As que informam problemas de saúde graves ou emergências, como despejo, são encaminhadas mais rapidamente. Existe também o chamado grupo dos "excêntricos", onde entram os pedidos esdrúxulos, que não são respondidos.

Doze servidores da Diretoria de Documentação Histórica da Presidência são designados exclusivamente para ler as cartas. Para os e-mails são mais quatro. Todas as correspondências são respondidas, entre sete e dez dias depois de recebidas, e os pedidos feitos, encaminhados para os respectivos órgãos. No total, há 50 funcionários para tratar de todo o acervo do presidente.

No caso dos presentes, também existe uma classificação. Itens perecíveis, como comida, são catalogados, fotografados e depois descartados. A justificativa é que se trata da segurança do presidente. Boa parte das peças de artesanato, quadros e similares fica guardada no Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente, numa sala especial climatizada. Eles são divididos em seções - plásticos, metais, vidros, têxteis, etc.

O trabalho de triagem e parte do acervo, como os livros, diplomas, vídeos, condecorações nacionais ou estrangeiras, além do diploma de posse emitido pelo TSE e pelo Congresso Nacional, são guardados no Palácio do Planalto.

Os presentes também seguem sazonalidades. Durante as comemorações do centenário do Corinthians, time do qual Lula é torcedor, foram centenas de camisetas, bonés, quadros e bolas com o símbolo do time recebidos.

Também não são poucos os remédios caseiros enviados para tratar a já conhecida bursite no ombro direito de Lula, uma espécie de inflamação nas articulações. Já foram catalogados centenas de potes com sebo de carneiro, arnica e até sebo de cobra para tratar das dores do presidente.

Os presentes recebidos de presidentes de outros países é a parte mais valiosa do acervo. Estão armazenados colares, broches e condecorações, a maioria feita de ouro com pedras preciosas. Uma das peças, ofertada pelo Marrocos, foi confeccionada com brilhantes, rubis e esmeraldas.

A legislação que rege os acervos documentais do presidente da República é a lei 8.394, de 1991, e também o decreto 4.344, de 2002. Os objetos são tratados como patrimônio cultural brasileiro, declarados de interesse público e por esta razão sofrem algumas restrições. Em caso de venda, a União terá direito de preferência na compra e não poderão ser alienados para o exterior sem manifestação expressa do Estado. Ao final do mandato presidencial, os documentos tratados pela secretaria de Documentação Histórica do presidente são entregues para o titular.

Não são considerados do acervo pessoal de Lula apenas aqueles presentes oferecidos em cerimônias de troca, nas audiências com chefes de Estado e de governo, nas visitas oficiais ou nas viagens de Estado do presidente ao exterior. Neste caso, os itens são considerados patrimônios da União e não podem ser levados.

Fonte: Especial para Terra
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