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Polícia

Acusado de fincar agulhas em bebê foi agredido na infância

1 set 2010 - 07h28
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Eduardo de Melo Cerqueira, 28 anos, preso na Baixada Fluminense na segunda-feira após confessar ter introduzido três agulhas na barriga de uma menina de um ano e meio, sofreu agressões durante a infância, segundo a Polícia Civil. Espancado pelo pai nos primeiros anos de vida, Cerqueira foi morar com a avó aos oito anos, no Jardim Olimpo, bairro de Duque de Caxias (RJ). O perfil psicológico do agressor chamou a atenção dos policiais da 61ª DP (Xerém).

Até a morte da avó, em 2002, ele foi o único dos quatro filhos do casal a morar longe dos pais. Nesse período, teve contato com algumas drogas, participou de rituais de candomblé e ingressou no evangelismo, informaram os investigadores.

A vítima é filha da vizinha de Cerqueira. Na terça-feira, Cerqueira admitiu que a inveja que sentia do bebê o levou a cometer a crueldade. Em depoimento, o criminoso disse que morria de ciúmes dos cabelos louros, dos olhos azuis e do carinho dos pais em relação à criança. Indiciado por tentativa de homicídio qualificado pela tortura, ele poderá pegar de seis a 20 anos de prisão, caso seja condenado.

Segundo os policiais, a inveja serviu de impulso para machucar a criança, que sofreu infecção por causa das agulhas - uma delas lembrava um prego - enfiadas no corpo. A ação criminosa aconteceu em maio. No mesmo dia, Cerqueira, a mulher dele, que está grávida, o bebê que foi vítima e a mãe dessa criança, Rose Cristina da Costa, tinham ido a um culto religioso no bairro.

"Como tinha intimidade, ele precisou apenas se afastar e, apesar do choro da criança, a mãe sequer desconfiou", disse o delegado Roberto Cardoso, chefe do Departamento Geral de Polícia da Baixada.

"Estou aliviada com a descoberta de quem fez a maldade com a minha filhinha, mas entrego nas mãos de Deus o destino desse rapaz. Agora, entender o que o levou a fazer isso é muito difícil. É inacreditável e estranho", disse Rose Cristina, mãe da menina, que foi operada no Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias, no dia 4 de agosto, para retirar as agulhas.

Envergonhada com a atitude do marido, Y., 19 anos, saiu de casa e foi para Jardim Gramacho, onde mora um parente. O delegado Roberto Cardoso pediu exame neuropsiquiátrico de Eduardo.

Choro ajudou a polícia

"Os resultados apontaram uma depressão leve. Depois que a mãe registrou queixa, dia 1º, passamos a ouvir vizinhos e parentes. Notamos que o bebê, dócil e simpático que ia no colo de todo mundo, sempre que via Eduardo entrava em pânico e não parava de chorar. Isso nos chamou a atenção", explicou. Segundo o delegado, o fato de a criança ter medo de Eduardo ajudou nas investigações.

O pedido de prisão temporária foi feito na sexta-feira, após a mãe do bebê encontrar uma agulha nas roupas sujas de Eduardo, que seriam limpas na máquina de lavar da família da criança. Na delegacia, Eduardo garantiu estar arrependido da violência que cometeu contra a criança. Por ter confessado o crime, o delegado pediu ontem a prisão preventiva do suspeito, que foi transferido para a Polinter.

Crime deixou vizinhança impressionada

O sangue frio de Eduardo Cerqueira chocou e decepcionou vizinhos. Há nove meses, quando foi morar na rua Florença (antiga Rua 4), no bairro Vila Canaã, em Xerém, Duque de Caxias, ele recebeu apoio da maioria das pessoas que seguem a religião evangélica. Até o emprego de auxiliar de manutenção foi indicação de um vizinho.

Para retribuir, o criminoso passou a frequentar os cultos da 1ª Igreja Batista da Vila Canaã, na mesma rua onde morava e pagava aluguel de R$ 300. "Sempre foi tranquilo e tratava bem as pessoas", disse o motorista Nei Leal de Andrade, 40 anos. "Ele não passa de um lobo em pele de cordeiro", afirmou a dona de casa Maria da Glória Leal, 45 anos.

Fonte: O Dia
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