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Polícia

Esquema de Garotinho e Lins envolvia loteamento de delegacias

27 ago 2010 - 04h02
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A Justiça Federal apontou que o principal objetivo do esquema montado por Álvaro Lins, ex-chefe de Polícia Civil e ex-deputado estadual, e por Anthony Garotinho, ex-governador e ex-secretário de Segurança Pública, era o loteamento das delegacias, principalmente as especializadas e as da Zona Oeste.

"Para que houvesse sucesso na empreitada, optou-se pela tática de loteá-las entre inspetores de polícia com o perfil corrupto-operacional", descreve a sentença do juiz da 4ª Vara Federal Criminal Marcelo Leonardo Tavares, que condenou Lins e Garotinho à prisão. Eram eles que definiam os nomes dos agentes de confiança, segundo a Justiça.

De acordo com a decisão, as delegacias apontadas no esquema são a de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), Antissequestro (DAS); Roubos e Furtos (DRF); Homicídios (DH); Homicídios Oeste (DH-Oeste); Polinter; Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA); 33ª DP (Realengo) e 41ª DP (Tanque), as duas últimas na Zona Oeste.

Ainda segundo a decisão, as delegacias especializadas, por poderem atuar em todo o estado, e não apenas na circunscrição de uma unidade distrital, despertavam interesse do bando "para a prática de corrupção generalizada, divulgação de ações policiais espetaculares que possam repercutir na imprensa, alavancando desejada carreira política".

Já as distritais eram usadas "para dar apoio à quadrilha de exploração de máquinas de caça-níquel na Zona Oeste", reduto do contraventor Rogério Andrade a quem, segundo a sentença, Lins dava apoio.

As delegacias, conforme a Justiça Federal, eram comandadas, apesar de terem delegados, por inspetores de confiança de Lins que ficaram conhecidos como "inhos". Segundo a denúncia, alguns desses policiais chefiavam o Setor de Investigação e Operações Policiais (Siop), responsável pela inteligência e investigação de uma delegacia. Dois dos "inhos" foram condenados: Mário Franklin Leite Mustrange de Carvalho, o Marinho, que era lotado no gabinete de Lins e seu homem de confiança, e Fábio Menezes Leão, o Fabinho.

O juiz foi taxativo em sua análise da atuação do grupo: "Impressiona a que ponto chegaram algumas autoridades da área de segurança pública fluminense no período dos fatos, sua ousadia e o desvio de poder e de finalidade dos atos: nos milhares de diálogos interceptados, não houve uma vez sequer em que se ouviu de um membro da quadrilha que tal ou qual ato deveria ser praticado pelo interesse público, porque era a melhor decisão técnica, porque era ético: toda movimentação foi feita puramente pelo poder, pela ganância e pelo dinheiro fácil.

Fonte: O Dia
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