PUBLICIDADE

Cai número de migrantes no Brasil, diz estudo do Ipea

17 ago 2010 - 11h36
(atualizado às 14h33)
Compartilhar
Tatiana Damasceno
Direto de Brasília

A migração interna brasileira está caindo nos últimos anos, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta terça-feira. O percentual de migrantes dentro da população caiu de 3%, em 1995, para 1,9% - ou 3,3 milhões de pessoas - em 2008.

De acordo com o estudo Migração Interna no Brasil, 3,327 milhões de pessoas deixaram seus Estados de origem, entre 2003 e 2008. Em geral são pessoas jovens, com idade entre 18 e 29 anos, têm uma taxa de desemprego menor do que a de não migrantes e, quando conquistam um emprego, tendem a estar na formalidade, mas com uma carga horária acima de 45 horas semanais. Os maiores fluxos de migração são entre estados da região Sudeste, e entre o Nordeste e o Sudeste brasileiro.

"Se analisarmos o total de migrantes que, entre 2003 e 2008, mudaram de Estado, veremos que a maior quantidade ocorre entre Estados da região Sudeste, com 465.593 migrações. Em segundo lugar, com 461.983 casos, está a migração de pessoas que vão de algum Estado nordestino para algum Estado do Sudeste", afirmou o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Herton Araújo.

Segundo ele, a migração entre Estados do Sudeste se difere da do Nordeste-Sudeste principalmente pelo fator escolaridade. "Apenas 6,1% dos nordestinos que vão para o Sudeste estudaram pelo menos 12 anos. Esse percentual sobe para 23% quando analisamos a migração dentro do Sudeste", afirma o pesquisador.

O Centro-Oeste surpreendeu por apresentar 151.614 migrações internas. Proporcionalmente, foi o maior índice de migração entre Estados de uma mesma região. "Muito disso pode ser justificado pelo alto custo de vida no Distrito Federal, o que gera um grande número de migrações para a região do Entorno do Distrito Federal, de mais baixo custo de vida", disse.

De acordo com o Ipea, 45,6% dos 3,327 milhões de migrantes brasileiros têm idade entre 18 e 29 anos. Entre o público não migrante esse percentual cai para 29,5%. Além disso, o percentual de migrantes empregados é maior do que o de não migrantes: 68,9% contra 66,3%.

A pesquisa apontou ainda que, em 2008, a informalidade no trabalho dos migrantes caiu para 40%. O grupo mais informal é o que sai do Sudeste para o Nordeste, o chamado retorno. O estudo mostrou que 41% do total de migrantes brasileiros trabalham mais de 44 horas.

O rendimento médio mensal do trabalho do migrante, de acordo com a pesquisa, é de R$ 1,2 mil. Segundo o pesquisador do instituto, Herton Araújo, o conjunto dos migrantes do Brasil consegue um salário médio maior do que os não migrantes, em geral.

Retorno

A pesquisa mostrou também que o Brasil está vivendo o fenômeno da migração de retorno, que são principalmente os nordestinos que viviam no Estado de São Paulo e têm retornado aos seus Estados de origem.

"A motivação da renda é forte, mas tem outras motivações que temos que aprofundar. Uma das hipóteses é a qualidade de vida. Os serviços públicos no Nordeste melhoraram, a rede de proteção social, as transferências de renda e de aposentadoria também melhoraram. Isso é um fator na decisão do migrante", afirmou o pesquisador Frederico Barbosa, também do Ipea.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade