PUBLICIDADE

Polícia

MP: fornecedoras de merenda financiavam campanhas em SP e MG

1 jul 2010 - 17h50
(atualizado às 20h15)
Compartilhar
Hermano Freitas
Direto de São Paulo

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou nesta quinta-feira que empresas de fornecimento de merenda escolar para as prefeituras das capitais de São Paulo e Minas Gerais, além de outras 28 cidades, procuravam o candidato melhor colocado na eleição municipal e ofereciam financiamento para a campanha. Quando ele assumia o cargo, favorecia a empresa, privilegiando o contrato de fornecimento de alimentos para escolas.

"Temos prova de que isso aconteceu na gestão de Gilberto Kassab (São Paulo) e também em Belo Horizonte", disse o promotor Silvio Antônio Marques, titular da Promotoria de Patrimônio Público do MP. O esquema de fraude pode atingir R$ 300 milhões ao ano. Segundo o MP, o dinheiro é pago em propina para empresas e funcionários públicos envolvidos no fornecimento de merenda escolar para instituições municipais.

Segundo Marques, os empresários combinavam entre si a divisão dos mercados de modo que, se um tinha o fornecimento de uma cidade, o outro ganharia a licitação em outra cidade de mesmo porte. As empresas fornecedoras combinavam os preços e superfaturavam os valores.

Nesta quinta-feira, foi realizada operação de busca e apreensão em 21 endereços. Um homem foi preso por posse ilegal de arma de fogo na capital paulista. Foram apreendidos documentos, computadores, entre outros objetos que serviriam de provas no caso.

"Toda picaretagem que a gente vê na pratica da bandidagem comum foi constatada neste esquema de corrupção", disse o promotor Arthur Pinto Lemos, do Grupo de Delitos Econômicos do MP (Gedec).

Procurada pelo Terra, a prefeitura de São Paulo disse que foi realizada nova licitação para fornecimento de alimentos há quase um ano e que algumas empresas saíram, enquanto outras, que não teriam nenhum "impedimento", permanecem atuando no provimento de merenda. Segundo a prefeitura, havia representação do MP acompanhando o processo.

O secretario de abastecimento de Belo Horizonte, Flavio Duffles, afirmou que o esquema foi identificado pelo MP, nos casos em que a merenda era terceirizada. "A prefeitura não terceiriza a merenda, compra os gêneros (alimentos), por meio de licitação, e os encaminha para as escolas, onde é preparada a merenda", disse.

Ele afirmou que algumas das empresas envolvidas no esquema possuem sede em Belo Horizonte, mas que não lembra de ter comprado de nenhuma delas.

As empresas citadas na operação são a SP Alimentação, Terra Azul, Verdurama, Serra Leste, Seaza, Multiplus e EB Alimentação. A SP Alimentação afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que não tem conhecimento do que foi feito até agora, e que só vai se pronunciar após receber oficialmente da Justiça ou do Ministério Público informações sobre o que foi investigado. A empresa disse ainda que nega todas as irregularidades, assim vem fazendo desde o início. Em todas as demais empresas, ninguém foi encontrado para comentar o caso.

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Publicidade