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Oriente Médio

Amorim: Brasil não irá mediar impasse entre Irã e potências

21 jun 2010 - 06h48
(atualizado às 07h12)
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O Brasil desistiu de tentar mediar um acordo com o Irã sobre seu programa nuclear, diz um artigo do jornal britânico Financial Times nesta segunda-feira.

Segundo o FT, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim disse ao jornal que o Brasil suspendeu a iniciativa de mediação depois que os Estados Unidos rejeitaram a proposta de acordo com o Irã costurada pelo Brasil e pela Turquia.

"Queimamos os nossos dedos ao fazer coisas que todo mundo disse que eram úteis e no fim concluímos que algumas pessoas simplesmente não aceitam um 'sim' como resposta", diz Amorim ao jornal.

O chanceler brasileiro disse ainda ao FT que, se houver solicitação, o Brasil poderá voltar à mesa de negociações, mas que o país não assumirá uma "postura pró-ativa" na mediação.

"Um alto oficial do governo americano recebeu bem a notícia de que Brasília não vai mais se colocar à frente das negociações, face à decisão do Brasil e da Turquia de votar contra as sanções das Nações Unidas contra o Irã neste mês", diz o FT, sem citar o nome deste oficial.

O oficial teria dito ainda que o Brasil não pode atuar como mediador porque o fato de ter votado contra as sanções do Conselho de Segurança da ONU demonstra que o país não é neutro na questão. Ele argumentou ainda que o assunto deveria ser tratado pelos membros permanentes do Conselho.

De acordo como jornal, os comentários feitos por representantes brasileiros e americanos demonstram as "cicatrizes" deixadas nos dois lados pelas diferenças em relação ao Irã.

"Em uma indicação de que Brasil e Estados Unidos estão tentado superar suas dificuldades, Brasília decidiu não seguir adiante com a retaliação contra os subsídios americanos aos produtores de algodão, apesar de ter recebido luz verde da Organização Mundial do Comércio", afirma o FT.

Mas, segundo o FT, o Brasil ainda se arrisca a irritar não apenas os Estados Unidos, mas também outros países, ao insistir que vai exportar etanol para o Irã.

A venda do combustível não está proibida segundo as sanções da ONU, mas qualquer suprimento para o setor de energia iraniano seria visto como violação ao espírito da resolução da ONU, afirma o jornal.

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