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Atendimento a moradores de rua gera divergências em SP

30 mai 2010 - 12h34
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Ninguém sabe ao certo quantas pessoas vivem nas ruas de São Paulo. Alguns falam em 13 mil, outros dizem que são 20 mil, e há os que acham que são 8 mil. Tudo isso porque não existe uma estatística oficial sobre o assunto. O certo mesmo é que são muitos. Estão pelas calçadas do centro e da periferia da cidade, debaixo de viadutos, mendigando e dormindo em praças, evidenciando a gravidade do problema.

A situação é tal que, hoje, a prefeitura, os vereadores e a sociedade repensam a questão e buscam novas soluções. A administração municipal aposta num novo tipo de atendimento a esses cidadãos, voltado à atenção integral, não só simples acolhimento em albergues. Parlamentares e líderes civis, entretanto, criticam esse modelo e afirmam que é a própria prefeitura a responsável pelo agravamento do problema.

"A prefeitura só deixou de fazer. Cancelou programas, fechou vagas em albergues, retirou agentes das ruas", afirma Robson César Mendonça, ex-morador de rua e atual presidente do Movimento Estadual da População em Situação de Rua em São Paulo. "Existe uma tentativa de higienização do centro da cidade", completa ele.

Uma tenda instalada no centro da cidade é, segundo a Secretaria Municipal da Assistência Social, a principal resposta a essas críticas. No Espaço de Convivência Jardim da Vida, a população de rua pode, além das atividades de lazer, ingressar na rede de assistência social do município.

No local, os funcionários da prefeitura tentam também identificar os problemas de cada morador de rua e encaminhá-lo para uma solução. Eles oferecem ainda objetos de higiene pessoal para que os albergados possam fazer a higiene pessoal e usar os banheiros químicos, diariamente das 8h às 18h.

Segundo a prefeitura, a iniciativa já dá resultados. Desde a inauguração da tenda, 221 pessoas deixaram a rua para receber tratamento de saúde ou retornar ao convívio dos parentes.

Mas para alguns dos frequentadores do centro de convivência, a tenda ainda precisa oferecer outros serviços. "Ela é um lugar bom. Você pode dormir, tem jogos, oficinas. Mas para solucionar meu problema mesmo, não tem nada", afirmou Marcelo de Castro, 28 anos, enquanto aguardava o início de um filme que seria exibido no local.

A atual política da prefeitura e a situação dos moradores de rua paulistanos também chamou a atenção dos vereadores que fazem parte da Frente Parlamentar para Políticas Públicas para População em Situação de Rua, criada em abril. De acordo com o vereador Chico Macena (PT), presidente da frente, uma comissão foi instaurada para apurar indícios de falta de vaga nos albergues, a violência contra os moradores de rua, e a falta de atendimento da assistência social.

Para Macena, a frente ainda não chegou a uma conclusão e nem tem previsão de quando isso deve ocorrer. Ele afirmou, porém, que com o que já foi apurado, a situação dos moradores de rua é grave e está generalizada por toda cidade.

Agência Brasil Agência Brasil
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