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Rio: Supervia é multada em até R$ 590 mil por "trem fantasma

25 mai 2010 - 21h22
(atualizado às 21h51)
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A Supervia recebeu, nesta terça-feira, uma multa por um incidente ocorrido, em janeiro deste ano, com um trem que circulou sem maquinista e foi batizado de "trem fantasma". A punição foi aplicada pela Agência Reguladora de Transportes do estado do Rio (Agetransp). Na ocasião, a composição percorreu, em alta velocidade e sem condutor, o trecho entre as estações de Ricardo de Albuquerque e Madureira, no subúrbio do Rio. A multa é referente a 0,2% do faturamento anual da empresa em 2009 e pode chegar a R$ 590 mil. De acordo com o inquérito, a Supervia alegava ter sido vítima de sabotagem.

Cerca de 1,2 mil passageiros embarcaram no trem na manhã do dia 18 de janeiro, no ramal de Japeri. Segundo relatos, a composição, que estava parada por problemas mecânicos, começou a andar em alta velocidade por volta das 6h15, sem maquinista e com as portas abertas. Desgovernado, o trem percorreu pelo menos 6 km.

"Era um desespero só, mulheres grávidas, com criança de colo, idosos, todos caindo no chão, gritando para que o trem parasse, enquanto outras gritavam 'Está sem maquinista'", afirmou o jornaleiro Alberto Marcondes, 51 anos, um dos passageiros que lotavam os vagões no momento do acidente.

O trem só parou após a concessionária desligar o fornecimento de energia pela rede aérea, na altura de Oswaldo Cruz. O problema, que afetou alguns equipamentos da linha férrea, causou atrasos de até 40 minutos na circulação de trens do ramal. O fluxo só foi normalizado às 9h10, quase três horas depois.

Segundo passageiros, o trem começou a mostrar sinais de avaria - como abertura descontrolada das portas - pouco antes da estação de Ricardo de Albuquerque. Ao chegar lá, o maquinista teria descido para verificar o problema, mas a composição começou a andar sozinha, levando ao desespero quem estava no trem lotado.

O condutor, identificado como Márcio Pereira, conversou com o presidente do Sindicato dos Ferroviários, Walmir de Lemos, e confirmou que não estava na cabine quando o trem disparou pelos trilhos. "Ele ficou muito assustado quando viu o trem dar partida sozinho", disse Lemos, acrescentando que pedirá ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, à Agetransp e à Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio que apurem os motivos do ocorrido.

"Ou alguém entrou na cabine e deu partida, ou o ar do freio acabou, e o trem entrou em movimento por estar numa descida, sendo alimentado pelo pantógrafo (dispositivo no alto do trem responsável por transmitir a eletricidade)", afirmou o presidente do sindicato.

Mudança de vagão por medo de colisão
Pelo menos 20 pessoas que estavam no "trem-fantasma" reuniram-se na segunda-feira com um advogado com o objetivo de processar a Supervia. Revoltados, eles afirmaram que só não houve uma tragédia por milagre. Com medo de uma colisão, quem estava nos vagões da frente atravessava as portas para ir para os da parte de trás da composição.

"Imagina se tivesse algum trem parado no caminho? Estaríamos todos mortos", afirma o passageiro Melchiesedec da Silva, 36 anos.

Fonte: O Dia
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