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Uma em cada cinco mulheres de 40 anos já fez aborto, diz pesquisa

21 mai 2010 - 17h51
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Uma em cada cinco mulheres brasileiras que completa 40 anos já realizou um aborto. A estimativa é de um estudo feito pela Universidade de Brasília em parceria com o Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis), divulgado nesta sexta-feira.

A Pesquisa Nacional de Aborto (PNA) tem alcance nacional e é focada em mulheres urbanas alfabetizadas, de 18 a 39 anos. Foram ouvidas 2.002 mulheres. "Os resultados referem-se àquelas que fizeram aborto, e não a abortos", diz a nota de divulgação. Há uma diferença conceitual porque uma mesma mulher pode abortar mais de uma vez. A pergunta principal da pesquisa era "você já fez aborto?".

Os pesquisadores viram que, tipicamente, o aborto é feito nas idades que compõem o centro do período reprodutivo das mulheres, entre 18 e 29 anos. Ele é mais comum entre mulheres de menor escolaridade, fato que pode estar relacionado a outras características sociais das mulheres de baixo nível educacional. A religião não é um fator importante. Menos de dois terços das mulheres que fizeram aborto são católicas, um quarto protestantes ou evangélicas e menos de um vigésimo, de outras religiões.

Cerca de 50% das mulheres que fizeram aborto utilizaram algum tipo de medicamento para induzi-lo. Os pesquisadores apontaram que os abortos ilegais realizados com medicamentos tendem a ser mais seguros que os que utilizam outros meios, em particular quando o medicamento usado é o misoprostol, popularizado no Brasil na década de 1990. "Se fossem feitos sob atenção médica adequada, seriam extremamente seguros", afirmam em nota.

Os níveis de internação pós-aborto são elevados e colocam o aborto como um problema de saúde pública no Brasil. Cerca de metade das mulheres que fizeram aborto recorreram ao sistema de saúde e foram internadas por complicações. Essa quantidade representa 8% das mulheres que vivem em cidades. Segundo os realizadores da pesquisa, se o aborto seguro fosse garantido, a maior parte dessa internação poderia ser evitada.

A pesquisa será publicada na Revista Ciência & Saúde Coletiva, um dos periódicos científicos mais respeitados no meio acadêmico nacional e internacional. O financiamento do estudo foi feito pelo projeto Implementação de Políticas de Atenção à Saúde da Mulher - Política Nacional de Planejamento Familiar, da Diretoria Executiva do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde.

Fonte: Redação Terra
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