Lula só deve se pronunciar sobre questão nuclear na Espanha
Reunido em Teerã com as lideranças iraniana e turca para debater soluções para o impasse nuclear no Oriente Médio, Luiz Inácio Lula da Silva deve deixar a capital Teerã no início desta segunda-feira, em direção à Espanha. Antes disso, Lula participa nesta segunda-feira da sessão de abertura da 14ª Cúpula do G15, grupo formado por países não alinhados. A expectativa é de que só então sejam anunciados os resultados das conversas com o presidente do Irã sobre a questão nuclear.
As conversas do encontro em Teerã tiveram como base a proposta da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, órgão ligado à ONU), para que o Irã aceite trocar urânio enriquecido a 3,5% no país islâmico por combustível nuclear, o urânio enriquecido a 20%. A França surge como o mais provável fornecedor desse combustível. Com esse nível de enriquecimento, o urânio não teria condições de ser usado na fabricação de bombas atômicas.
O ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, que integra a comitiva brasileira, disse que Jalili esteve no encontro ampliado de Lula com Ahmadinejad pela manhã, mas evitou fazer comentários sobre as negociações. Ao ouvir dos repórteres que estavam todos "agoniados" com a falta de noticias, Nelson Jobim resumiu o ânimo da comitiva presidencial: "eu também".
Nova ordem mundial
Nos encontros desse domingo, Lula e Ahmadinejad concordaram com a necessidade de uma nova ordem econômica e comercial no mundo que conceda mais peso aos países emergentes. Os dois lídeires fizeram um discurso parecido no encerramento de IV Fórum Comercial Irã-Brasil, realizado no centro de convenções da televisão nacional iraniana (Irib), no norte de Teerã.
O Brasil e o Irã assinaram oito memorandos de entendimento relativos à cooperação comercial, a abertura de linhas diretas de crédito, a troca de tecnologia e a colaboração no terreno energético e, em particular, no setor petroleiro. Mais comedido, Lula ressaltou que a relação entre os dois países "é muito importante em um momento em que o mundo se encontra em transformação".
"Uma nova geografia econômica e comercial que necessita de um sistema multilateral", baseado nas relações bilaterais e na diversificação, em que o eixo sul-sul deve desempenhar um papel chave, acrescentou. Lula ressaltou que a abertura de um linha direta de crédito de 1 bilhão de euros a cinco anos entre os países foi o elemento central das negociações, que considerou proveitosas.