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Polícia

Inquérito afirma que PMs são inocentes em caso de engenheira

3 mai 2010 - 05h01
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O Inquérito Policial Militar (IPM) que investigava a participação de quatro policiais do 31º BPM do Rio de Janeiro no desaparecimento da engenheira Patrícia Amieiro Branco de Frango, 24 anos, em 14 de junho de 2008, concluiu pela inocência dos PMs, devido à falta de provas. Eles também concluíram pela inocência do grupo na acusação de envolvimento em ameaças a peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) que atuaram no caso. O resultado da investigação (segundo o qual, não há provas contra os militares) coloca a PM em rota de colisão com a Polícia Civil, que concluiu que os militares são culpados pela morte e desaparecimento da engenheira.

Apesar da conclusão da PM, o processo ainda corre na Justiça. Os policiais Willian Luis do Nascimento e Marcos Paulo Nogueira Maranhão respondem por homicídio e ocultação de cadáver, e Fábio da Silveira Santana e Márcio Oliveira dos Santos, por ocultação, no 1º Tribunal do Júri. A promotora Viviane Tavares Henriques recebe hoje cópia do IPM, cujo resultado foi publicado dia 20 de abril no boletim 69 da corporação. "A conclusão do IPM foi enviada ao Ministério Público Militar, mas está sob segredo", limitou-se a afirmar o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte.

Entre os depoimentos à PM, há declarações de que, ao contrário do que apontou a perícia da Polícia Civil, não teria havido disparo contra o carro de Patrícia, que caiu no Canal de Marapendi. "Já pedi à Justiça que faça um laudo independente. A perícia usou até trecho de um livro de um perito para fundamentar o laudo" alega Nélio de Andrade, advogado dos PMs. Outra divergência é sobre os fragmentos de tiros encontrados no carro. A PM sustenta que o perito deu duas versões. Além disso, a Polícia Civil concluiu que os militares praticaram o crime em sete minutos. Para a PM, não há provas.

Pelo menos 11 testemunhas foram ouvidas pela PM. Uma delas, um flanelinha, informou ter visto Patrícia pouco antes do sumiço, perto da Rocinha ao lado de um homem com um colete de mototáxi, que teria sido encontrado no carro dela. Em agosto do ano passado, uma operação foi montada na favela para checar informações sobre um suposto cemitério clandestino onde estaria o corpo de Patrícia. Nada foi encontrado.

Ameaças de morte

As investigações do caso são marcadas por ameaças de mortes registradas pelo Disque Denúncia (DD) a peritos do ICCE e a uma promotora de Justiça. Quarta-feira, a Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público Estadual uma denúncia na qual consta que policiais tramariam um atentado à promotora Isabella Pena Lucas, da Auditoria de Justiça Militar.

Há pouco menos de dois meses, Isabella ouviu o depoimento de 12 peritos em um IPM. A investigação tratava também de suposta ameaça de morte de PMs a peritos que atuaram no caso. Os maiores alvos seriam Marcos Luiz Gonçalves e Liu Tsun Yaei. Os depoimentos foram na Justiça Militar porque os peritos, mesmo convocados, não compareceram à PM.

Após os depoimentos, os peritos relataram que foram obrigados a falar sobre os laudos referentes ao sumiço de Patrícia e constrangidos na sala de audiência da Auditoria de Justiça Militar. As denúncias foram feitas à promotora Viviane Tavares Henriques, do 1º Tribunal do Júri. A promotora informou que vai ouví-los sobre o caso quinta-feira. O Tribunal de Justiça também abriu uma apuração. Uma nova audiência ocorrerá em 9 de junho.

Fonte: O Dia
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