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Salvador: 426 morreram ao esperar vaga em hospitais em 2009

25 abr 2010 - 18h04
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Juracy dos Anjos

Dos cerca de 125 mil pacientes que aguardavam pela regulação (que é o processo deencaminhamento de um doente para um hospital de referência) nos postos deurgência e emergência de Salvador (BA), em 2009, 426 morreram porque precisavamde leitos de alta complexidade.

Dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) indicam que o tempomédio que esses pacientes esperaram pela regulação em Salvador foi de11,2 dias. Em capitais como Porto Alegre (RS), o tempo de espera porleitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não chega a 24 horas. Segundo aassessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde da capitalgaúcha, quando a regulação não consegue vaga em um dos dois hospitaismunicipais, o órgão a busca na rede estadual ou privada.

A coordenadora dos postos municipais de Emergência e Urgência deSalvador, Nair Amaral, afirma que o paciente deveria aguardar por, nomáximo, 24 horas para ser internado. "Não temos estrutura para manter umdoente grave na unidade de saúde por um período tão longo, como acontecehoje", diz. Para o presidente do Conselho Regional de Medicina daBahia (Cremeb), Jorge Cerqueira, o tempo de espera por um leito é "um absurdo,porque um paciente com indicativo de UTI (Unidade de Terapia Intensiva)deveria ser internado de imediato".

Atualmente, a espera por um leito para operações de alta complexidade (aexemplo da neurológica, cardíaca, ortotrauma e doenças vasculares)ultrapassa a média de 15 dias na capital. "Já tivemos pacientes queesperaram mais de 30 dias", diz Nair. Embora a Lei 8.080/90 do SistemaÚnico de Saúde (SUS) determine, entre outras coisas, a gestão municipalda regulação hospitalar, a SMS ainda não assumiu o processo que foidelegado por Termo de Compromisso entre Entes Públicos (Tcep) àSecretaria Estadual de Saúde (Sesab).

Esta secretaria, por sua vez, diz que a demora ocorre por conta daocupação das unidades, que hoje está em 100%, problema agravado por umdéficit, dimensionado pela Sesab, de 1,2 mil leitos de UTI no Estado. Aoser questionada sobre o número necessário de leitos para desafogar osistema em Salvador, a Sesab não soube informar, assim como também nãoinformou o número atual de leitos de UTI na capital e na Bahia. Tomandopor base diretriz do Ministério da Saúde, que determina uma média detrês leitos para cada 1 mil habitantes, seriam necessários 42 mil leitosde UTI no Estado da Bahia (considerando uma população de 14 milhões).

Para o secretário municipal de Saúde, José Carlos Brito, a carência deleitos é agravada pela migração de pacientes do interior para a capital."Cerca de 60% dos doentes (que procuram os hospitais de Salvador) são deoutras cidades", dimensiona Brito. Apesar da gestão estadual do sistema,é o município que arca com os custos da saúde em Salvador desde 2006 -quando entrou em gestão plena dos recursos. "E assim, são ossoteropolitanos os maiores penalizados com 'a invasão'", diz Brito.

Por sua vez, o diretor da rede própria da Sesab, Renan Araújo, rebate ascríticas do secretário municipal de Saúde e afirma que a demanda deoutros municípios não chega a 40% e que o Estado arca com esses custos."O déficit de leitos acontece porque o município de Salvador não possuiuma rede complementar eficiente, que é formada pelos hospitaisfilantrópicos e privados", diz.

Fonte: Agência A Tarde
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