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Cidades

Perdas causadas pela chuva no Rio podem chegar a R$ 23,7 bi

8 abr 2010 - 23h15
(atualizado às 23h17)
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As perdas totais do Estado do Rio de Janeiro podem chegar a R$ 23,76 bilhões, o equivalente a 8% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual de R$ 297 bilhões (últimos dados do IBGE de 2007), segundo o professor Francisco Barone da Ebape/FGV. O cálculo inclui danos que precisam ser recuperados pelo poder público e privado. O comércio deixou de faturar R$ 270 milhões (somente na terça e quarta-feira), enquanto a indústria teve problemas para receber matérias-primas e perdeu 40% da produção.

A terra deslizou e abriu um buraco no Morro do Bumba, em Niterói
A terra deslizou e abriu um buraco no Morro do Bumba, em Niterói
Foto: EFE

Barone diz que os reparos de sinalização e contenção de encostas fazem parte das perdas, e desconsidera projetos de retirar famílias de áreas de risco. De acordo com ele, estes projetos estruturais são de longo prazo e dependem de estudos maiores do governo.

"Ainda é cedo para ter um número final de perdas. O cálculo não inclui melhorias definitivas para evitar novos problemas. No caso da Praça da Bandeira, calculo a limpeza das vias e dragagem, mas não incluo obras para evitar outras enchentes", afirma Barone.

Muitos estabelecimentos industriais interromperam sua produção na terça-feira e os que abriram se queixam de perdas de até 40%, de acordo com pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Os prejuízos são relacionados, principalmente, às entregas de mercadorias e às faltas dos funcionários.

"A indústria prevê até cinco dias para recuperar 100% da capacidade produtiva", disse o gerente do Centro Industrial do Sistema Firjan-RJ Alberto Besser.

Para o levantamento, foram feitos contatos telefônicos com 28 empresas, das quais três de grande porte, nove médias e 16 pequenas. Ao todo, estas empresas empregam cerca de 4 mil funcionários.

Os maiores impactos da indústria foram causados na região leste (Niterói, São Gonçalo) e no Grande Rio (Coelho Neto, Estácio), onde muitas empresas permaneceram fechadas. Problemas como fornecimento de energia elétrica e botijões de gás também causaram perdas.

Besser destaca que mesmo as empresas que ficam em regiões que não tiveram interrupção alguma com a chuva, foram prejudicadas pelos problemas de seus escritórios localizados no centro.

Em dois dias, terça e quarta-feira, o comércio deixou de faturar R$ 270 milhões, segundo Aldo Carlos de Moura Gonçalves, presidente do Centro de Estudos do Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) e presidente do conselho de comércio bens e serviços da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). Para ele, as pessoas ainda estão receosas de sair às ruas com medo de outros alagamentos.

"Ventou muito de manhã e isso pode ter afastado as pessoas do comércio. Enquanto o tempo não ficar mais estável, as vendas devem ser fracas", disse Gonçalves.

Segundo o Chefe do Departamento de Economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, as perdas foram maiores para as pequenas e médias empresas. "Mas como a cidade vive um momento econômico interessante, acredito que o comércio vai recuperar o prejuízo", disse Freitas.

Estragos e mortes

A chuva que castiga o Rio de Janeiro desde segunda-feira deixou pelo menos 182 mortos e 170 feridos, alagou ruas, causou deslizamentos e destruição no Estado. Segundo o Instituto de Geotécnica do Município do Rio (Geo-Rio), desde o início do mês foi registrado índice pluviométrico entre 200 mm e 400 mm (dependendo da localidade). É o maior índice de chuvas na cidade desde que começou a medição, há mais de 40 anos. A média prevista para o mês de abril é de 91mm.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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