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Líder de ONG: não pude guardar nem foto de menina soterrada

7 abr 2010 - 21h35
(atualizado em 8/4/2010 às 02h36)
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Rodrigo Teixeira
Direto do Rio de Janeiro

A sede da ONG Pérola Negra, que ficava na comunidade do Turano, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, foi destruída pela chuva na madrugada de segunda para terça-feira. Lá eram oferecidos cursos de corte e costura para a terceira idade e as peças produzidas alimentavam o sonho de jovens que queriam ser estilistas ou modelos.

Os três irmãos e a tia são enterrados no cemitério do Caju
Os três irmãos e a tia são enterrados no cemitério do Caju
Foto: AP

A presidente da instituição, Cristiane da Silva, 37 anos, é uma das desabrigadas que está sendo acolhida na escola municipal Herbert de Souza. Emocionada, Cristiane falou em Joice Monteiro Alves do Nascimento, 13 anos, uma das cinco menores mortas em um deslizamento na comunidade. "Ela desfilava comigo e era muito bonita. Ficava bem nas fotos. Ela está na lembrança, mas nem foto deu para guardar", disse.

Joice foi sepultada no Cemitério do Caju nesta quarta-feira, junto a seus três irmãos, Rebeca Alves Monteiro Nascimento, 12 anos, Jean Alves Monteiro Nascimento, 9 anos, e Joel Alves Monteiro Nascimento, 5 anos. O amigo deles, Lucas Alexandre, 3 anos, foi a quinta vítima de deslizamento no Morro do Turano.

Cristiane se emocionou ao falar do trabalho feito na ONG e relembrou o momento em que o morro veio literalmente abaixo: "Nosso sonho foi por água abaixo. Levantávamos a auto-estima delas. Eu me realizava com o trabalho na comunidade em que eu morava, agora não sei o que vou fazer. Eu saí de casa com a roupa do corpo e muita lama. Preciso de coragem e saúde para lutar novamente. Parecia um filme de terror. A chuva e a lama vieram descendo e parecia que estávamos fugindo de algo que iria nos pegar", afirmou.

Estragos e mortes

A chuva que castigou o Rio de Janeiro entre os dias 5 e 6 de abril deixou pelo menos 138 mortos, mais de 135 feridos, alagou ruas, causou deslizamentos e destruição no Estado. O Serviço de Meteorologia do Rio registrou no período o maior índice pluviométrico da cidade desde que começou a medição, há mais de 40 anos: 288 mm.

Fonte: Redação Terra
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