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Política

Especialistas: comparação entre FHC e Lula prejudica Serra

3 abr 2010 - 14h55
(atualizado em 15/4/2010 às 09h17)
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Claudia Andrade
Direto de Brasília

Na despedida do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na última quarta, notou-se a ausência do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB). No lançamento da campanha presidencial de Serra, no próximo sábado, Fernando Henrique não deverá discursar, por conta da programação enxuta em "falatório" que está sendo planejada. Seriam estes indícios de que a presença do ex-presidente na campanha de Serra deverá ser tímida?

Serra fala em discurso durante a cerimônia de despedida
Serra fala em discurso durante a cerimônia de despedida
Foto: Raphael Falavigna / Terra

"A estratégia do PT é trazer o Fernando Henrique para o centro do debate eleitoral porque a memória do governo Lula é muito mais positiva", avalia o doutor em ciência política e conselheiro em marketing eleitoral Juliano Corbellini. "A tendência do PSDB é não trazer o Fernando Henrique para a pauta e não comprar essa tese do PT."

Tanto o ex-presidente como o atual, Luiz Inácio Lula da Silva, e sua candidata a sucessão, Dilma Rousseff (PT), têm falado sobre a comparação entre os governos. Para os estudiosos do tema, contudo, a comparação só favorece um lado da disputa. "Se eu fosse o estrategista da campanha do Serra, diria para ele jogar para frente, focar no que acabou de fazer em São Paulo e não olhar para trás", afirma o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília.

Estratégias

"Lula e Dilma querem olhar para trás porque isso é favorável. Na memória do eleitor, o governo Lula está mais presente que o governo Fernando Henrique", diz Fleischer. Para ele, o PT quer "pendurar" o ex-presidente FHC no governador Serra, o que estaria incomodando muitos tucanos. "Quem sabe eles (PSDB) não o convencem (FHC) a cumprir quatro, cinco meses de contrato com a universidade americana", sugere. De acordo com a página do Instituto FHC, o ex-presidente é membro da Brown University, dos Estados Unidos.

Na análise de Corbellini, o primeiro round da eleição presidencial será a definição de agendas dos candidatos. "Será uma comparação entre governos ou entre os candidatos Serra e Dilma. Se o que prevalecer for a comparação entre os governos, venceu a estratégia da Dilma. Se for uma comparação entre os candidatos, devemos ter uma disputa mais equilibrada."

"Patrimônio"

Do lado tucano, o presidente de honra do PSDB é tido como um "patrimônio" e, no discurso, sua presença é dada como algo positivo para a candidatura Serra. "Ele é um patrimônio do partido e a participação dele é extremamente favorável", diz o senador Álvaro Dias (PR). Ele adota a tese de que a comparação entre governos, "sem manipulação de informações, mostra que o mandato de Fernando Henrique é muito superior".

Ao falar sobre a estratégia que o agora ex-governador de SP deve adotar, entretanto, a defesa é de uma pauta baseada em planos para o futuro. "O Serra não deve se preocupar com comparações. Ele deve ser responsável por uma agenda de futuro para o povo brasileiro. Sem desdenhar o passado, deve olhar para o futuro", diz o parlamentar.

Para o PT, a figura do ex-presidente representa a oposição, algo que o PSDB tentaria "esconder" durante a campanha. "O PSDB quer esconder o Fernando Henrique, mas não vai conseguir, porque não pode se despir do caráter oposicionista e dizer que é continuidade", diz o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Fonte: Redação Terra
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