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Polícia

Juiz adverte promotor e advogado por bate-boca em júri

25 mar 2010 - 14h25
(atualizado às 14h48)
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Hermano Freitas
Direto de São Paulo

Um bate-boca entre o advogado de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, Roberto Podval, e o promotor Francisco Cembranelli, marcou os últimos momentos do julgamento do caso Isabella Nardoni antes do recesso para almoço nesta quinta-feira. "Se partir para xingamentos, vou ter que retirar a palavra dos dois", disse o juiz Maurício Fossen.

O promotor Francisco Cembranelli falou com a imprensa após o fim do 3º dia
O promotor Francisco Cembranelli falou com a imprensa após o fim do 3º dia
Foto: Raphael Falavigna / Terra

O desentendimento começou quando Podval exigiu que Cembranelli citasse a página do processo em que contava o assunto de cada pergunta. Com isso, o promotor tinha que parar e folhear o processo para citar a localização exata de cada tema abordado.

Para Cembranelli, isso funcionava como uma "pausa estratégica" para que Nardoni pudesse pensar nas respostas. Quando reclamou da exigência, Podval reagiu. "Não serei maltratado", afirmou, elevando a voz.

O relatório prosseguiu nesse ritmo, mas Cembranelli começou a demonstrar irritação com o réu, que respondeu por diversas vezes que não se recordava dos acontecimentos. A cada nova pergunta, o advogado cobrava a localização no processo. "Folhas", exigia.

Na plateia, Antonio Nardoni, pai do réu, conversava com Alexandre Jatobá, pai de Anna Carolina Jatobá, que também responde pela morte da menina. Os dois sorriam diante da discussão entre Podval e Cembranelli.

O promotor se exaltou ao perguntar por que Nardoni não socorreu a filha. Nardoni respondeu que sua preocupação era "ver se a filha estava viva". "Ela estava viva, por que não socorreu?" continuou questionando o promotor. "Não sei lhe dizer, estava em choque. Quando caí em si (SIC), já tinha alguém dizendo pra não mexer nela", disse Nardoni.

A última pergunta do promotor, indeferida pelo juiz, foi sobre os olhos de Nardoni. Ele questionou se ele tinha algum problema nos olhos, que impediam que saíssem lágrimas quando ele chorava.

O depoimento dos réus, um dos momentos mais aguardados do caso, deve tomar quase todo o dia. Ainda existe a possibilidade do advogado de defesa do casal, Roberto Podval, solicitar a acareação, fato que colocará frente a frente os acusados com a mãe da vítima, Ana Carolina Oliveira, que se encontra isolada no Fórum de Santana desde a última segunda-feira, dia em que foi ao plenário e abriu os testemunhos diante do júri.

Após mais este procedimento, o conselho de sentença se reúne e vota os quesitos para determinar a condenação ou absolvição do casal. Em seguida, o juiz Maurício Fossen fará a leitura da decisão do júri no plenário.

O caso

Isabella tinha 5 anos quando foi encontrada ferida no jardim do prédio onde moravam o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, na zona norte de São Paulo, em 29 de março de 2008. Segundo a polícia, ela foi agredida, asfixiada, jogada do sexto andar do edifício e morreu após socorro médico. O pai e a madrasta foram os únicos indiciados, mas sempre negaram as acusações e alegam que o crime foi cometido por uma terceira pessoa que invadiu o apartamento.

O júri popular do casal começou em 22 de março e deve durar cinco dias. Pelo crime de homicídio, a pena é de no mínimo 12 anos de prisão, mas a sentença pode passar dos 20 anos com as qualificadoras de homicídio por meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e tentativa de encobrir um crime com outro. Por ter cometido o homicídio contra a própria filha, Alexandre Nardoni pode ter pena superior à de Anna Carolina, caso os dois sejam condenados.

Fonte: Redação Terra
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