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Política

Franceses têm vantagem na venda de caças ao Brasil, diz Jobim

18 mar 2010 - 12h57
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou nesta quinta-feira que os caças franceses Rafale, produzidos pela Dassault, estão em vantagem no processo de compra a ser feito pelo governo brasileiro no projeto FX-2. O relatório final com a exposição de motivos da preferência de compra das aeronaves será entregue ao presidente Lula dentro de 20 dias.

"A Força Aérea Brasileira diz que os três são satisfatórios, o que pesa é a transferência de tecnologia e a redução da dependência", disse. "Neste sentido, sim (os franceses têm vantagem)", disse Jobim após participar de reunião eleitoral na Câmara dos Deputados. "Em 20 dias envio ao presidente a exposição de motivos com a posição definitiva do Ministério da Defesa", afirmou.

O processo de venda de 36 novos caças para o Brasil, apesar de as empresas evitarem falar em valores, deve mobilizar um montante de cerca de 4 bilhões de euros. O Brasil, que no dia 7 de setembro anunciou a decisão política de estreitar as negociações com a francesa Rafale, tem sido pressionado também pela sueca Saab, que chegou a oferecer dois caças Gripen ao preço de um. O diretor da companhia no Brasil, Bengt Janér, registra como diferença em relação aos demais concorrentes o "grande trunfo de efetiva transferência de tecnologia".

Os custos do projeto FX-2, caso o governo brasileiro escolha os aviões modelo Rafale, são apontados como um fator negativo ao pleito francês. O almirante Edouard Guillaud, chefe do gabinete militar do governo Nicolas Sarkozy, já reconheceu haver "problemas de preço" em relação à proposta da França. Um acidente com dois Rafales no Mar Mediterrâneo, em plenas negociações sobre os caças, também arranhou a imagem dos aviões e induziu os franceses a apresentarem ao governo brasileiro informações sobre o incidente e atestar a segurança das aeronaves negociadas.

A principal demanda do Brasil para escolher o vencedor entre os três finalistas está na possibilidade de transferência de tecnologia e na chance de empresas brasileiras poderem fabricar as novas aeronaves e as exportar.

A Saab chegou a listar parte da fuselagem, o trem de pouso e radares como componentes que, caso vitoriosa, dividiria o know-how com o Brasil. Em reunião com o ministro da Defesa, representantes do governo francês, por sua vez, se comprometeram com a transferência de tecnologia "completa, sem restrição e sem limite".

Em prol da Boeing contam argumentos como a possível superioridade técnica FA-18 Hornet, além da disposição da empresa americana de desenvolver com a Embraer o cargueiro militar KC-390, a ser vendido para a FAB. A fabricante dos caças não garantiria, no entanto, uma ampla transferência de tecnologia, vetando potenciais transações brasileiras com países não alinhados aos Estados Unidos.

Fonte: Redação Terra
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