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Polícia

GO: afastados PMs suspeitos de formar grupo de extermínio

10 mar 2010 - 20h49
(atualizado às 21h20)
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Márcio Leijoto
Direto de Goiânia

Sete policiais militares suspeitos de atuarem em um grupo de extermínio no 16º Batalhão da PM, em Formosa (GO), no entorno do Distrito Federal, foram afastados pelo comando da PM de Goiás após pedido do Ministério Público Estadual (MPE). O MPE investiga o envolvimento dos policiais na morte de jovens em cidades da região.

Entre os policiais afastados está o comandante do 16º Batalhão da PM, o major Ricardo Rocha Batista. Ele é réu em cinco processos que, juntos, somam 15 mortes ocorridas em Goiânia, Rio Verde (GO) e Cachoeira Alta (GO). Em todos os casos, ele estava em serviço. O major, que comandou o pelotão de choque da PM entre 2003 e 2005 também é suspeito por outros homicídios no Estado, conforme o MPE.

Os policiais são suspeitos de envolvimento no desaparecimento de três rapazes e na morte do operador de máquinas Higino Carlos Pereira de Jesus, 24 anos. O corpo dele foi encontrado com 28 perfurações causadas por tiros no dia 24 de fevereiro, 18 dias após ter sido visto pela última vez, em Alvorada do Norte (GO), a 456 km de Goiânia.

Além do major Ricardo, foram afastados os sargentos Wanderley Ferreira dos Santos, Gerson Marques Ferreira e Gilson Cardoso dos Santos e os soldados Francisco Emerson Leitão de Oliveira, Ederson Trindade e Lourival Torres Inez.

O procurador-geral da Justiça de Goiás, Eduardo Abdon Moura, disse que não foi pedida a prisão dos suspeitos porque até o momento não há indícios de que eles estejam atrapalhando nas investigações.

Moura confirmou que as ações do major vinham sendo acompanhadas pelo MPE desde 2001 e que há algum tempo que os promotores vinham tentando com a Secretaria Estadual de Segurança Pública o seu afastamento. "Inclusive vai ter um júri dele neste ano por um dos casos que ele responde", citou.

De acordo com o comandante da PM, o coronel Carlos Antônio Elias, todos estão afastados de suas funções e à disposição da corregedoria. "A PM agiu implacavelmente neste caso, afastando imediatamente os policiais e não vamos retroceder. Vamos até o fim com as investigações para que tudo fique claro e, se comprovada a responsabilidade, os culpados sejam punidos", disse.

O comandante da PM informou que o major havia sido afastado um dia antes do pedido formal feito pelo MPE, na terça-feira. Mas explicou que ele continuava atuando nas ruas mesmo com os processos na Justiça porque até o momento não houve nenhuma condenação.

A contadora Adriana Nunes, 36 anos, irmã de um dos jovens desaparecidos, Pedro Nunes de Brito, 24 anos, esteve hoje de manhã participando de uma audiência pública sobre violência na Assembléia Legislativa de Goiás. Ela pediu apoio dos deputados estaduais e das autoridades presentes e disse que o afastamento dos policiais deixou a família mais esperançosa.

"Não sei se vão encontrar meu irmão, mas estamos esperançosos. O afastamento dos policiais, a atuação do Ministério Público, a manifestação aqui mostram que não estamos sozinhos nesta luta para saber onde ele está. Queremos notícias, saber se está vivo ou morto e o que aconteceu com ele. Temos esse direito", disse.

As vítimas deste suposto grupo de extermínio seriam jovens suspeitos de cometerem furtos em fazendas da região. Os fazendeiros teriam contratado algumas pessoas para coibir os roubos, intimidando os ladrões com assassinatos.

O tenente-coronel Abigail Alves Silva, que antecedeu o major Ricardo no comando do 16º BPM e hoje é vereador pelo DEM em Formosa, disse na audiência que se encontrou por acaso com um fazendeiro da região ontem e que este não só lamentou o afastamento dos policiais como informou que vai reunir um grupo para contratar pistoleiros.

"Ele disse que agora vai ter de juntar os outros fazendeiros para fazerem uma vaquinha de R$ 5 mil cada e pagar R$ 200 mil para que um grupo de pistoleiros pudessem fazer o trabalho dos policiais", disse o tenente-coronel, que atualmente está na reserva da PM.

O ouvidor nacional da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Fermino Fechio Filho, criticou hoje de manhã durante audiência na Assembléia a ação dos grupos de extermínio em Goiás e lembrou que o major Ricardo já havia sido denunciado em Rio Verde.

Fonte: Especial para Terra
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