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Política

MP diz que Arruda teve direito à defesa: "prisão não é anormal"

4 mar 2010 - 19h45
(atualizado às 19h56)
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

Responsável pela defesa da manutenção da prisão do governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, a vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, desconstruiu nesta quinta-feira a tese dos advogados do político, segundo a qual teria havido cerceamento de defesa no processo contra o gestor. Segundo Deborah, algumas provas só conseguiram ser coletadas pela polícia após a prisão do governador.

"Não vejo no episódio ocorrido nada de anormal, nada que fuja da rotina do Judiciário. A defesa teve pleno acesso à decisão (do STJ que autorizou a prisão de Arruda), participou da sessão e teve acesso à decisão e às notas taquigráficas", disse.

O Supremo começou na noite desta quinta-feira o julgamento do pedido de liberdade de Arruda, preso por suspeita de corrupção de testemunhas e por supostamente utilizar a máquina pública para impedir a tramitação de processos de impeachment contra ele na Câmara Distrital. Apontado pela Polícia Federal como o coordenador do esquema do mensalão do DEM em Brasília, Arruda chega a aparecer em um vídeo colocando maços de dinheiro, supostamente fruto de propina, em uma sacola.

A representante do Ministério Público, que rebateu a tese do advogado Nélio Machado de que Arruda seria alvo de um "linchamento moral", relatou o episódio em que o jornalista Edson Sombra, testemunha do caso, foi alvo de tentativa de suborno supostamente a mando de Arruda e disse que a prisão preventiva do político, autorizada no dia 11 de fevereiro, está amplamente sustentada por argumentos jurídicos.

"A prisão preventiva, pelo seu caráter excepcional, deve resultar de decisão fundamentada", afirmou, observando que não houve impedimento da atuação da defesa do governador, tanto que existe uma certidão registrando quantas vezes de inquérito foi copiado para análise dos advogados. "Não se trata, longe disso, de um inquérito secreto", resumiu.

O advogado Nélio Machado, que compõe a defesa do governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), afirmou nesta quinta-feira, durante o julgamento do pedido de liberdade do político, que ele é alvo de cerceamento de defesa e de uma "violência inominável". Na avaliação do jurista, nem em "regimes ditatoriais" ocorreria situação semelhante.

A operação Caixa de Pandora, que desbaratou o esquema supostamente comandado pelo governador, revelou que deputados distritais da base governista recebiam propinas constantes em troca de apoio político. Vídeos gravados pelo então secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, mostram, por exemplo, o deputado Leonardo Prudente, que chegou a ser presidente da Câmara Legislativa, colocando maços de dinheiro até nas meias. Outros parlamentares foram filmados fazendo a "oração da propina", uma oração agradecendo Durval por seu papel no governo.

Fonte: Redação Terra
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