PUBLICIDADE

Prefeituras não incentivam coleta de lixo seletiva adequada

16 fev 2010 - 04h32
Compartilhar

O incentivo das prefeituras e a participação da sociedade para promover a coleta seletiva do lixo beneficiaria catadores de materiais recicláveis, geraria economia aos cofres públicos e reduziria riscos ambientais. A avaliação é parte da conclusão da pesquisa da bióloga Jandira Aureliano de Araújo, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Pernambuco.

A bióloga acompanhou durante cerca de um ano a atividade de catadores da comunidade de São José do Coque, em Recife (PE), onde vivem aproximadamente 1,8 mil pessoas. Segundo a pesquisadora, a prática da reciclagem ainda não é suficientemente incentivada no Brasil. Ela acredita que se houvesse o descarte correto do lixo, com a separação do material molhado do seco, o orgânico do inorgânico, e principalmente o papel, o produto revendido pelos catadores teria seu valor comercial aumentado.

"As prefeituras economizariam com o transporte do lixo que sobraria, e a condição ambiental também teria ganhos, porque haveria redução dos casos de leptospirose, em função da proliferação dos roedores, e das enchentes, com o entupimento das galerias", afirma a pesquisadora.

O Brasil, de fato, ainda tem um longo caminho a percorrer no quesito coleta seletiva de lixo. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 2% do lixo produzido no País são de fato reciclados e somente em 8% das cidades brasileiras existe algum tipo de coleta seletiva.

Outro problema enfrentado pelos trabalhadores da área é a falta de estrutura para fazer a triagem do material recolhido. Segundo Jandira, é comum os catadores levarem o que coletam para dentro de suas comunidades, expondo outros moradores a riscos de contaminação. Jandira afirma que algumas prefeituras até oferecem núcleos de triagem, mas os catadores reclamam que, em geral, não contam com condições adequadas e acabam tendo que fazer outras atividades no local, como lavar banheiros e cuidar da limpeza.

"Assim, eles preferem levar para suas comunidades o material e em seguida vender diretamente a depósitos, o que têm o inconveniente de pagar menos pelo material", afirma.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
Compartilhar
TAGS
Publicidade