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Processo sobre jogo do bicho pode ir para o lixo no Rio

6 fev 2010 - 23h30
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Marco no combate aos "capos" do jogo do bicho, um dos processos ¿ com 40,2 mil páginas que chegam a 160 kg ¿ sobre a descoberta da fortaleza de Castor de Andrade, de 1994, pode ir para o lixo. A papelada já tramita na Justiça há 16 anos e perde a validade daqui a três meses, pelas contas do Ministério Público (MP). Na ação, são alvos 42 policiais, dos quais quatro morreram. Seus nomes foram citados nas listas apreendidas pela "Operação Mãos Limpas", do MP e da polícia, que trouxeram à tona a suspeita de recebimento de suborno do crime organizado.

Durante esses anos, a ação teve pouco efeito na vida dos acusados. Um deles, o então tenente da PM Álvaro Lins, alçou voos altos enquanto o processo seguia na Justiça. Ele deixou de ser oficial da PM, passou em concurso para a Polícia Civil, ocupou o cargo máximo de chefe da instituição, elegeu-se deputado estadual, foi cassado e preso ¿ depois solto ¿, sob a acusação de envolvimento novamente com o jogo do bicho. Ele responde a processo na Justiça Federal.

Quem ficou na PM também não foi incomodado por causa do processo. Atualmente, três oficiais estão à frente de batalhões operacionais e um ocupa a chefia administrativa do Estado-Maior, posto só abaixo do Comando Geral. São Adilson Lourinho da Silva, do 31º BPM (Recreio); Alec Moura, do 40º BPM (Campo Grande); Carlos Henrique Alves de Lima, do 5º BPM (Centro) e Carlos Eduardo Millan, do Estado-Maior.

"Os denunciados esperam para saber se vai ocorrer outro julgamento. Isso acontecerá quando houver decisão do mérito de um habeas corpus, no Superior Tribunal de Justiça. O que se discute hoje não são os fatos do processo, mas o prazo que ainda se tem para julgá-lo", afirmou a promotora Isabella Pena Luca, da Auditoria de Justiça Militar.

O escândalo do bicho permitiu que o Ministério Público e a polícia estourassem fortalezas e apreendessem os livros-caixa de Castor de Andrade. No 'bunker' de Castor, em Bangu, foram apreendidos US$ 3 milhões, que equivaleriam hoje a R$ 5,65 milhões. O principal resultado foi a prisão de 12 chefões da contravenção.

A trajetória do processo na Auditoria da Justiça do Rio começou em março de 1994. Foram denunciados 42 acusados. O primeiro julgamento aconteceu em 1998. Na ocasião, 21 foram absolvidos, entre eles Millan, e 21 condenados. Mas nem as defesas nem o Ministério Público ficaram satisfeitos.

Enquanto advogados pediram anulação, alegando ilegalidade, promotores queriam aumento das penas dos condenados e a condenação dos absolvidos. O julgamento foi anulado pela 3ª Câmara Criminal. Outra decisão considerou que os crimes prescreveram. Mas o MP recorreu: o novo julgamento seria em 6 de novembro, mas foi suspenso pela ministra Laurita Vaz, do STJ.

Fonte: O Dia
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