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3º PNDH pode colocar País no 'eixo bolivariano', diz jornal

12 jan 2010 - 01h49
(atualizado às 06h36)
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O Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), que entre suas propostas prevê a possibilidade de revisão da Lei de Anistia de 1979, é tema de um editorial do jornal espanhol El País, no qual o periódico cita a crise gerada pela medida e a ameaça de demissão de membros das Forças Armadas e de ministros do governo. O plano levanta dúvidas sobre o futuro do País, em virtude da semelhança com medidas adotadas por países do "eixo bolivariano".

Governo Lula foi criticado pelo Programa Nacional de Direitos Humanos
Governo Lula foi criticado pelo Programa Nacional de Direitos Humanos
Foto: Reuters

O jornal cita as críticas da oposição, de entidades ruralistas e da imprensa, que qualificam a medida como "disfarce de um governo bolivariano", "golpe branco" e "volta ao passado".

Para o El País, o texto é quase uma cópia do que a ala esquerdista do Partido dos Trabalhadores propôs à Lula como base de seu programa nas eleições de 2002. Na ocasião, Lula publicou a Carta aos Brasileiros, na qual se comprometia a manter a política econômica de Fernando Henrique Cardoso, oferecia garantias jurídicas e políticas para a propriedade privada, liberdade de expressão e defesa de instituições democráticas. O programa esquerdista oferecido a Lula teria sido elaborado pelo prefeito de Santo André, Celso Daniel, morto em 2002. Ele seria o responsável pela campanha de Lula. Em seu lugar, assumiu Antonio Palocci, o idealizador da carta.

A possibilidade de "democratização da propriedade", segundo o jornal, alarmou a classe média que viu no texto um eco da "propriedade social" do presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Crise política

A crise política motivada pelo lançamento do programa surgiu com a possível ameaça de demissão do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e de três comandantes das Forças Armadas. A ameaça teria acontecido em virtude da proposta de revisão da Lei de Anistia de 1979, considerada um marco na democratização do País após a ditadura. O novo plano propõe medidas mais duras contra os autores da repressão política e os militares que cometeram abusos, enquanto a Lei de 1979 abrandava essas medidas. Entidades militares demonstraram revolta com o texto, argumentando que essas medidas deveriam ser impostas também contra aqueles que protagonizaram grupos armados de esquerda.

Lula teria dito a Jobim que não leu o texto e prometeu uma revisão. O presidente teria reconhecido que a revisão da Lei de Anistia foi um erro. No entanto, o ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, também ameaçou demissão caso a lei fosse retirada do plano.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, também teria se mostrado contrariado. Stephanes disse que o plano aumentaria a insegurança jurídica por conceder mais poderes ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), "um golpe na agricultura", segundo Stephanes. O jornal também cita o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, como contrário ao plano, embora ele tenha dado declarações à rádio CBN dizendo que o plano vai "diminuir a violência no campo".

O jornal espanhol comenta também as duras críticas da imprensa brasileira, especialmente no que diz respeito às possibilidades de retirar concessões de empresas de rádio e TV que não respeitarem os princípios dos direitos humanos.

"Resta a dúvida sobre a linha política que poderia ser adotada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (pré-candidata do PT à presidência do País), caso consiga se eleger em outubro", afirma o El País.

Fonte: Redação Terra
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