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Marina diz que Dilma não era escolha adequada para COP-15

19 dez 2009 - 12h03
(atualizado às 12h30)
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Vagner Magalhães
Direto de São Paulo

A ex-ministra do Meio Ambiente do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pré-candidata à presidência da República, Marina Silva (PV), afirmou neste sábado em São Paulo que a escolha da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef (PT), para chefiar as negociações brasileiras durante a COP-15, em Copenhague, atendeu a uma lógica política da conjuntura brasileira. Ainda que considere a escolha legítima, ela diz que foi inadequada. "Não era uma negociação para amadores", disse durante discurso na convenção nacional de seu partido, na Assembléia Legislativa de São Paulo. Dilma é pré-candidata do PT à presidência da República para a sucessão de Lula.

Marina discursou neste sábado em evento de seu partido, o PV
Marina discursou neste sábado em evento de seu partido, o PV
Foto: Reinaldo Marques / Terra

"Eu me ressinto da ausência do ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), e do ministro Carlos Minc (Meio-Ambiente). Quem vai politicamente representar o governo é uma decisão do governo. Isso não está em questão. O papel da ministra Dilma Roussef é legítimo. Mas o processo negocial não poderia ficar submetido a uma lógica política da cojuntura do nosso País. Porque o que estava em jogo era muito maior. Teríamos de chegar com um grupo de negociadores, não para fazer a campanha política de 2010, mas para fazer a diferença na discussão", diz.

Segundo ela, Minc e Amorim poderiam fazer a diferença. "Eles é quem poderiam entrar no mérito da negociação para que a gente pudesse de fato fazer a diferença. Eu acho que isso foi um prejuízo que a gente tem de avaliar no desdobrar do processo", disse.

Marina disse que o Brasil foi o país que fez a diferença em Copenhague mais pelo mal desempenho de seus pares do que por mérito próprio. "Em terra de cego, quem tem olho é rei".

O deputado Federal Fernando Gabeira (PV-RJ) afirmou que as candidaturas dos adversáriso estão sendo fabricadas a um preço muito alto. "Essas candidaturas ficaram bastante frágeis quando tentaram atravessar e mostrar lá do outro lado do mundo, que aqui no Brasil elas têm uma posição avançada. Lá do outro lado do mundo, o próprio subconsciente traiu a ministra Dilma, quando ela disse que o meio ambiente era um obstáculo para o desenvolvimento".

Segundo Gabeira, a vontade de competir traiu os princípios de solidariedade do Brasil, quando a ministra recusou a proposta de ajuda aos países mais pobres. Depois o presidente Lula fez um discurso pedindo ajuda a eles, o que a Marina sempre defendeu".

Aécio
A pré-candidata do Partido Verde disse que aqueles que acompanham a política nacional já imaginavam que em algum momento o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), abrisse mão da disputa da campanha presidencial do ano que vem em favor do governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

"Sabíamos que mais hora, menos hora, isso iria acontecer. Não é surpresa para ninguém. Temos de investir no nosso debate interno dentro do partido, na revisão programática. O que vai valer nessa campanha são as propostas programáticas, as ideias", disse. "Não irá se eleger aquele que tem apenas o discurso do bolso. Esses vão perder o trem-bala da história", disse.

Aos seus partidários, Marina disse que o cenário está favorável em 2010 para duas coisas: a preservação das conquistas alcançadas nos governos Lula e Fernando Henrique Cardoso e a coragem para realizar mudanças. "Precisamos pensar na economia do século 21. É possível dobrar a produção sem derrubar uma árvore".

COP-15

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, de 7 a 18 de dezembro, que abrange 192 países, vai se reunir em Copenhague, na Dinamarca, para a 15ª Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-15. O objetivo é traçar um acordo global para definir o que será feito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa após 2012, quando termina o primeiro período de compromisso do Protocolo de Kyoto.

Fonte: Terra
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