Filho de Sarney retira ação contra jornal 'Estadão'
O empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), informou nesta sexta-feira que desistiu da ação contra o jornal O Estado de S. Paulo. Em nota, Fernando Sarney disse que sua ação - para restringir o jornal de publicar escutas telefônicas envolvendo o empresário - teve uma "interpretação equívoca de restringir a liberdade de imprensa, o que jamais poderia ser meu objetivo".
Em julho, o Estado de S. Paulo divulgou gravações feitas pela Polícia Federal durante a Operação Boi Barrica, que indiciou Fernando Sarney. Um dos áudios mostra conversas entre Maria Beatriz Sarney, neta de José Sarney, e o pai dela, Fernando Sarney. No áudio, Maria Beatriz intercede junto a Fernando para que seu namorado ocupe uma vaga no Senado. A contratação teria sido intermediada pelo então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, e foi feita por ato secreto (decisões administrativas do Senado que não foram publicadas e que se tornaram o centro de uma onda de denúncias contra a Casa).
O pedido de Fernando Sarney foi acatado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. O jornal recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que havia sido vítima de censura, mas perdeu.
"A ação foi necessária para defesa de meus direitos individuais protegidos pela Constituição e sob a tutela do segredo de Justiça, reconhecidos pelo Supremo Tribunal Federal", afirma o filho de Sarney, na nota. "Para reafirmar esta minha convicção e jamais restar qualquer dúvida sobre ela, resolvi tomar esta atitude, considerando que a Liberdade de Imprensa é um patrimônio da democracia e que jamais tive desejo de fazer qualquer censura a seu exercício."
O Estado de S. Paulo informou que, apesar de Fernando Sarney ter protocolado nesta sexta-feira sua desistência, a decisão continua vigorando pelo menos até o dia 7 de janeiro, fim do recesso judicial. Até o julgamento do mérito, o jornal decidirá se desiste ou não do processo.