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Moradores protestam contra obra que rachou prédio no Rio

14 dez 2009 - 10h54
(atualizado às 15h30)
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Na manhã desta segunda-feira, um grupo de moradores da rua dos Inválidos realiza um protesto em frente às obras do Centro Empresarial Senado, da construtora WTorre, na rua do Senado, no centro do Rio de Janeiro. A manifestação, organizada por integrantes da Associação de Moradores do Centro (Amac), pede que a obra seja embargada.

 Moradores protestaram contra a obra de uma construtora no centro do Rio de Janeiro
Moradores protestaram contra a obra de uma construtora no centro do Rio de Janeiro
Foto: Bruno Gonzalez / Futura Press

Na semana passada, vários prédios da rua dos Inválidos, próxima às obras, tiveram rachaduras e ficaram com a construção abalada. Os edifícios tiveram de ser interditados e evacuados. Segundo técnicos da Defesa Civil, a causa seriam as obras da rua ao lado.

O diretor da Amac, Fernando Bandeira, disse que a associação não écontra as obras, apenas exige das autoridades competentes um acompanhamento rigoroso das escavações que vêm causando transtornos desde que foram iniciadas há cerca de um ano.

"Desde janeiro deste ano reclamamos com a prefeitura do barulho constante da obra, da poeira e lama nas ruas e nos bueiros devido às escavações. Nada foi feito. Agora com esse problema das rachaduras, tememos que outros prédios na área sejam afetados", disse.

Apenas o edifício de número 22 permanece interditado e a maioria dos cerca de 30 moradores desabrigados estão hospedados num hotel no Centro custeado pela W Torre, segundo o advogado dos moradores, Antônio MoreiraFernandes Junior.

Ele disse que está aguardando o laudo final da Defesa Civil para entrar com um processo contra os responsáveis por danos materiais e morais causados aos seus clientes. A Defesa Civil informou que o laudo só sai em 15 dias úteis. O órgão vem monitorando os edifícios afetados e não foram identificado novos deslocamentos.

Comerciantes locais queixam-se de que as vendas caíram 80% desde que a rua foi parcialmente interditada. "Nunca, nos 43 anos que tenho minha loja aqui, tive tanto prejuízo. Não sei o que fazer", disse Elio da Costa, dono de uma loja de materiais elétricos.

Uma liminar concedida na sexta-feira passada pelo Tribunal de Justiça paralisou a obra. A W Torre informou que vai recorrer da decisão. O empreendimento será o maior edifício comercial da América Latina, segundo a construtora, e a previsão é de que seja alugado para a Petrobras.

As escavações atingem 22 m de profundidade no terreno. A áreaocupa todo o quarteirão que abrange a rua dos Inválidos, do Senado,a Avenida Henrique Valadares e a Travessa Dídimo.

O engenheiro eempresário Jackson Pereira, que atua há mais de duas décadas naárea central do Rio, disse que nesse tipo de escavação, a terra éretirada e é feito um muro para que seja possível escavar com maisprofundidade.

"Este muro é acortina atirantada, sustentada por tirantes de concreto injetadosverticalmente na parede da escavação por muitos metros. São essestirantes que afetam a área de influência, como vimos na igreja enos prédios. No caso da rua dos Inválidos, também tem importânciao lençol freático bombeado. A retirada dessa água provocou aacomodação do terreno", disse o engenheiro.

Arua dos Inválidos está inserida na Área de Proteção do AmbienteCultural da Praça da Cruz Vermelha, que faz parte do centrohistórico da cidade, e possui construções do século 19.

"Asconstruções antigas são fundadas em pedras enterradas no chão. Asparedes são de tijolo maciço ou de areia com óleo de baleia. Oandar superior se sustenta sobre vigas de peroba do campo, de perobarosa. São muito fortes. Tanto que o prédio interditado tem 22andares, é de meados do século passado e está mais distante daobra do que os sobrados ao redor do canteiro de obras", disse oengenheiro.

Com informações do JB Online

Agência Brasil Agência Brasil
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