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Catadores recebem terrenos para unidades de reciclagem

10 dez 2009 - 17h34
(atualizado às 22h12)
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"O catador, organizado, jamais será pisado". As palavras de ordem, puxadas pelo presidente do Movimento Nacional dos Catadores, Eduardo Ferreira, marcaram hoje (10) a solenidade de transferência de quatro terrenos, no total de 160 mil metros quadrados, do Patrimônio da União para a Central de Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis do Distrito Federal (Centcoop-DF) para a instalação de unidades de reciclagem que vão beneficiar milhares de catadores de lixo.

"A frase não é apenas uma imagem poética, pois os catadores são mesmo muitas vezes humilhados, pisados e espancados no seu trabalho pela polícia e por fiscais estaduais", disse Ferreira.

A plateia de catadores, também puxada por ele, entoou o hino que fala da luta e da resistência dos que vivem do lixo, mas também de esperança de dias melhores e emocionou as autoridades presentes à solenidade de dos documentos que dão à Centcoop, entidade que reúne 22 cooperativas de catadores, o direito de uso das áreas cedidas pelo governo federal em quatro locais do Distrito Federal.

As áreas transferidas estão situadas nas localidades de Riacho Fundo 2 (40 mil metros quadrados), Planaltina (40 mil metros quadrados), Setor Oeste/Cidade Estrutural (60 mil metros quadrados) e Lago Oeste (20 mil metros quadrados).

O valor de mercado, segundo estimativas da Centcoop, baseada no preço do metro quadrado normalmente cobrado nessas regiões, é de R$ 80 milhões. Com a construção das quatro centrais de triagem e reciclagem do lixo, cada catador que trabalhar no local poderá obter uma renda de R$ 1 mil mensais, segundo o presidente da Centcoop, Ronei Alves da Silva - pelo menos dez vezes mais do que atualmente.

Lá serão construídas as unidades de reciclagem de materiais que vão transformar o lixo recolhido pelos catadores em centenas de produtos que poderão voltar a ser usados no dia a dia da população, gerando renda e, ao mesmo tempo, benefícios para o meio ambiente, como a extinção do lixão da Cidade Estrutural.

O presidente da Centcoop afirmou que os catadores ganharam um local pra trabalhar. "Antes, sem esses centros de triagem, nós éramos obrigados a trabalhar nas ruas, no cerrado e no lixão; na chuva, no sol, de todas as formas que se possa imaginar."

Ronei também denunciou as violências contra os catadores: "Quantos aqui não sofreram todo tipo de mau trato pelos fiscais do governo do Distrito Federal?".

A construção de galpões e a compra de equipamentos para instalação dos centros de triagem do lixo reciclável serão financiadas pela Fundação Banco do Brasil em parceria com o BNDES. O custo está estimado em cerca de R$ 10 milhões, segundo o diretor de Desenvolvimento Social da Fundação, Jorge Streit.

Ele destacou que a transferência dos terrenos possibilita novos avanços para os recicladores cuja organização social e econômica no DF vinha sendo prejudicada pelo fato de não terem locais adequados para trabalhar. A Centcoop reúne em suas 22 filiadas, 4 mil catadores em todo o DF, segundo o presidente Ronei Alves da Silva.

O presidente Lula foi representado na solenidade pelo secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Ele falou do apreço que o presidente tem pelos catadores e das constantes cobranças que faz de sua equipe de medidas que os beneficiem, como a doação de terrenos que foi feita pelo Patrimônio da União.

"Nós temos que devolver para vocês um direito que sempre lhes pertenceu, que é o direito de usufruir, de aproveitar, de ter a dignidade respeitada num país tão rico como esse e com uma riqueza tão mal distribuída, onde pouco acumulou tanto e os milhões foram excluídos".

Agência Brasil Agência Brasil
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