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Polícia

GO: ex-diretor de presídio é suspeito de ajudar traficantes

30 nov 2009 - 21h23
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Márcio Leijoto
Direto de Goiânia

O ex-diretor da Penitenciária Odenir Guimarães (POG) e do Núcleo de Custódia (ala de segurança máxima da POG), ambas no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, Mádson Machado Milhomem, é investigado pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal de Goiás (MPF-GO) e agora pela Superintedência do Sistema Prisional do Estado (Susepe), por envolvimento com o traficante Leonardo Dias Mendonça e outros criminosos detidos.

Mendonça, que estava preso em Goiás desde 2002, foi transferido no dia 5 de novembro, depois que a PF de Goiás descobriu que, mesmo detido, ele movimentava mais de R$ 10 milhões por mês com tráfico de drogas, tendo usado mais de 30 celulares nos últimos três anos. Na investigação da PF consta que Milhomem ajudava o traficante facilitando a entrada de telefones no presídio.

Milhomem foi afastado do cargo no dia 13 de novembro pela Susepe. De acordo com o superintendente do órgão, Edílson de Brito, há indícios de envolvimento dele com o traficante, que hoje está no Presídio Federal de Segurança Máxima em Catanduvas (PR).

"Nós ficamos sabendo da investigação há seis meses e até ajudamos no trabalho da Polícia Federal. Esperamos para afastar todos para não atrapalhar a investigação", disse Edílson. "Não compactuamos com nenhum tipo de crime, e foi aberta uma sindicância que pode resultar em um processo administrativo e no fim dele, se comprovada a culpa, os funcionários podem ser demitidos."

Brito conta que o ex-diretor aparece em conversas telefônicas que o ligam ao grupo de Mendonça. Além disso, o traficante português José de Palinhos Jorge Pereira, condenado na Operação Caravelas em 2005, teria conseguido fazer negócios em Portugal usando um telefone habilitado em nome de Milhomem.

Após o afastamento do cargo, Milhomem pediu férias. O superintendente da Susepe acha que, quando ele voltar, a sindicância estará pronta. Brito não acha que houve falhas no sistema prisional, mas que se trata de um problema pontual.

"Assim como em qualquer outro órgão público, existem desvios. Nós temos um compromisso de reprimir de imediato qualquer irregularidade descoberta", afirmou. "Quando ficamos sabendo das investigações, há seis meses, contribuímos com o trabalho."

Todos os investigados foram afastados de suas funções e continuam a receber seus salários. Mas, segundo Brito, não vão trabalhar em áreas estratégicas da Susepe enquanto forem alvos de investigações.

A operação que descobriu o esquema de Mendonça e levantou suspeitas contra Milhomem levou 25 pessoas à prisão. Seriam integrantes do grupo do traficante e de outro criminoso, Emílio Teixeira Campos, ex-comparsa de Mendonça.

Na sexta-feira, o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, da 11ª Vara de Goiânia, encaminhou cópias da investigação para o Ministério Público Estadual (MPE) e para o secretário estadual de Segurança Pública, Ernesto Roller, para que os órgãos apurassem as suspeitas contra servidores do Estado.

O delegado Deuselino Valadares dos Santos, titular da Repressão a Entorpecentes da PF de Goiás, disse que o inquérito foi entregue ao MPF sem indiciamento do ex-diretor.

O MPF informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que encaminhou o inquérito de volta à Polícia Federal e que só se pronunciará sobre o caso no fim de dezembro, quando deve ter uma posição sobre possíveis denúncias.

A Justiça Federal também foi procurada pela reportagem e afirmou, também por meio de assessoria, que não pode se manifestar, já que o processo corre em sigilo.

Milhomem não foi localizado pela reportagem para comentar as investigações. Em entrevista ao jornal O Popular, de Goiânia, ele teria dito que "às vezes fazia favor para uma pessoa e para outra", mas que isso se restringia a contatos de presos com familiares. Ele teria dito também que nunca recebeu dinheiro para isso.

Fonte: Especial para Terra
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