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Oriente Médio

NY Times: visita de Ahmadinejad prejudica ambições do Brasil

23 nov 2009 - 05h34
(atualizado às 11h43)
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A edição desta segunda-feira do jornal The New York Times afirma que as ambições do Brasil quanto a um papel mais importante no cenário diplomático mundial estão "colidindo" com os esforços dos Estados Unidos e de outros países para intervir no programa nuclear do Irã. A matéria é baseada na recepção que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará ao presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad, nesta segunda-feira.

"A visita integra o esforço mais amplo de Lula para interferir no aparentemente intratável mundo da política do Oriente Médio", diz o jornal, lembrando as visitas do presidente de Israel Shimon Peres e do presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas. A matéria, cujo título fala que o Brasil dá uma "cotovelada" nos Estados Unidos no cenário diplomático, lembra as críticas de diplomatas e de outras autoridades à recepção de Ahmadinejad. A reportagem do NY Times lembra que a visita pode cortar os esforços do Oeste para pressionar o Irã, esfriar o relacionamento do Brasil com Washington e prejudicar a reputação "cada vez melhor" do País como potência mundial.

Segundo a reportagem, Lula vem tentando, desde sua eleição, "cimentar" o domínio do Brasil como líder econômico e diplomático da América Latina, e está usando seu poderio econômico para reforçar sua influência na política externa. O jornal lembra que o governo vem pressionando por um assento permanente para o Brasil no Conselho de Segurança na ONU, e se tornou voz respeitada nas discussões sobre a mudança climática.

Críticas

O democrata Eliot Engel, presidente do subcomitê da Câmara dos Estados Unidos para o Hemisfério Ocidental, afirma à reportagem que a visita é um "grande erro e um terrível engano", pois o Brasil está dando o "ar de legitimidade" a Ahmadinejad, considerado por ele ilegítimo até mesmo para seu próprio povo. "Não faz sentido para mim e, francamente, é algo que macula a imagem do Brasil", afirmou.

Para o presidente do Inter-American Dialogue, um grupo de pesquisa de política internacional, a visita faz parte do esforço do Brasil para "projetar influência e força como protagonista mundial". "É a mensagem brasileira a Washington no sentido de que o País negociará com quem desejar para esse fim", disse.

Segundo a reportagem, os críticos do Brasil e dos Estados Unidos afirmam que a recepção de Lula legitima Ahmadinejad apenas cinco meses depois do que a maioria do mundo vê como uma reeleição fraudulenta seguida por repressão brutal aos dissidentes. O jornal lembra que o relacionamento entre Estados Unidos e Brasil já estava "tenso" depois que o governo de Lula criticou os norte-americanos por sua condução da crise em Honduras e pelo aumento da presença militar dos Estados Unidos na Colômbia.

Otimismo

De acordo com o NY Times, o governo Obama está otimista diz que a visita não prejudicará, e poderia até reforçar, os esforços já empreendidos pelos Estados Unidos e por países europeus para negociar com o Irã. "Esperamos que nossos amigos e aliados compreendam que esse é um momento crítico para o Irã", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, na quinta-feira. "Nossa esperança é que o Brasil desempenhe papel construtivo para tentar convencer o Irã a fazer o certo e cumprir suas obrigações internacionais", completou.

A reportagem publica também que o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que Lula havia sido encorajado por líderes ocidentais, entre os quais Obama, a buscar "diálogo aberto e direto" com o Irã, especialmente sobre a questão nuclear. "Não estamos aqui para convencer o Irã a aceitar uma proposta qualquer", disse. "O Brasil está interessado na paz", completou.

"O Brasil tem presença na região. A estatal petroleira Petrobras está ajudando o Irã desenvolver campos de petróleo e o comércio entre os dois países atingiu os US$ 2 bilhões em 2007, principalmente na forma de exportações brasileiras de alimentos ao Irã", disse Amorim.

Fonte: Terra
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